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Data de publicação do verbete: 04/11/2015

Comunidade Quilombola do Livramento

Reconhecida pela Fundação Palmares como remanescente de comunidade quilombola no ano de 2007. Abriga, atualmente cerca de 50 famílias.
Data de publicação: novembro 4, 2015

Município: São José de Princesa – PB

Distância até a capital: 460 km

Fundação: Final do século XVII

A Comunidade Quilombola Sítio Livramento teve seu início no final do século XVII, quando três famílias de negros chegaram fugidas da hostilidade e do trabalho escravo dos canaviais pernambucanos.

A distância do litoral e o terreno acidentado de difícil acesso configuraram fatores decisivos que garantiram a segurança dos primeiros moradores do quilombo, evitando que fossem encontrados pelo (capitão do mato), como eram conhecidos homens que caçavam os escravos fugidos no período colonial.

Os negros que ali chegaram foram construindo suas casas (no meio da mata) com pedaços de pedras e madeira, as camas eram forradas com folhas de bananeira. Uma curiosidade é que para cada casa erguida, um “coco de roda” era dançado para “acalmar a terra”, termo usado em referência ao ato de bater os pés sobre o chão para preparar o terreno que daria lugar a mais uma residência.

Reconhecida pela Fundação Palmares como remanescente de comunidade quilombola no ano de 2007. Abriga, atualmente cerca de 50 famílias, que residem em casas rústicas construídas com arquitetura (vernacular – recursos do próprio ambiente) A exemplo de pedras, cipós e barro.

“Os primeiros negros que chegaram se esconderam em uma loca e, como os brancos nunca vieram, ficaram por aqui mesmo”, resume Dona Rosa, a historiadora oficial da comunidade. Os moradores afirmam nunca ter existido escravidão naquela comunidade. Os negros tinham as suas casas de farinha e trabalhavam da agricultura, praticamente isolados.

As manifestações culturais desse grupo merecem destaque pela pluralidade de elementos que compõem a atmosfera das lembranças de um tempo passado, onde a história que reluz na mente dos mais antigos moradores do Quilombo de Livramento se reproduz através das celebrações, festejos e práticas do cotidiano.

Conta-se que desde fins do século XIX, os negros se reuniam no mínimo a cada duas semanas para dançar coco de roda. A antiga residente, Chicola afirma: “… antigamente dançavam o coco e fiavam algodão”, faziam uma latada (coberta de palhas de coqueiros ou de croatá, com um piso de barro), e dançavam.

As mulheres trajavam saias godês longas, bem rodadas, saias e camisas eram repletas de babados. Os homens trajavam somente calças, com o tempo foram passando a usar camisas. O principal instrumento utilizado era um ganzá feito de milho ou de merú (semente preta pequena), e raramente um pandeiro, feito de pele de cachorro ou raposa. A sagacidade dos artistas locais lhes permitia versos feitos mentalmente, improvisando na hora da dança.

Ao longo do tempo as famílias foram crescendo, novos habitantes foram chegando de diversos lugares. Hoje há intensa miscigenação, mas é visível a predominância da cor e da história negra.

A partir de 2003, um trabalho de conscientização cultural teve início na comunidade, com o objetivo de resgatar e preservar costumes e tradições que existiam ali, a exemplo a dança do coco de roda, para isso foram colhidas informações com os moradores mais velhos do local, a exemplo de Dona Maria Massal, que morreu em 2011 aos 101 anos.

Segundo a professora Eurides de Paula Santos, formada em pedagogia na Universidade Federal da Paraíba, as crianças do quilombo iam estudar em escolas fora da comunidade e acabavam por não conhecer sua própria história. A partir do resultado desses estudos foram criadas “escolas” na própria localidade, de modo a valorizar e perpetuar os saberes e fazeres da comunidade.

Fontes:

http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/173/conheca-o-quilombo-do-livramento-a-paraiba-alem-das-praias-275199-1.asp/

http://www.ferias.tur.br/fotogr/151953/cocoderodadacomunidadequilomboladolivramentopordamiaoferreira

/saojosedeprincesa/

http://princesapb.net/nota189.htm

http://www.ifpb.edu.br/campi/princesa/noticias/ii-encontro-cultural-da-consciencia-negra

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