Município: Conde – PB
Nascimento: 09 de abril de 1940 / Falecimento: abril de 2015
Lenita Lina do Nascimento é filha de seu José Ignácio do Nascimento e Dona Lina Rodrigues do Nascimento. Lenita sempre morou no mesmo lugar. Casou com 30 anos, já tinha 3 filhos, e teve mais 9 filhos no casamento. Ao todo, com 12 filhos (6 mulheres e 6 homens) e 23 netos.
Dona Lenita ou Lenita, como era mais conhecida foi uma forte referência das tradições afro-brasileiras nos quilombos de Gurugi e Ipiranga. Ela era rezadeira e cantadora de incelenças. Mestra do coco de roda Novo Quilombo, dançava, cantava e compunha as músicas para o grupo. Nas atividades de rezadeira atendia inicialmente apenas os moradores da comunidade, porém após consultoria prestada pelo SEBRAE, passou a atender também os turistas que visitavam a região.
A mestra organizava junto com sua família as festas que alegravam as noites das imediações do galpão Mestre Bitonho. No quilombo, a brincadeira do coco é um a tradição familiar. Conta Marcela de Oliveira, pesquisadora ligada ao Museu do Patrimônio Vivo, que Dona Lenita lhe narrara que, durante sua juventude, muitas vezes acompanhara o pai nas brincadeiras de coco realizadas nos quilombos ali próximos, como os de Mituaçu e Paratibe.
Lenita também já trabalhou na agricultura e já foi empregada doméstica. As culturas plantadas por ela eram: inhame, macaxeira, milho, feijão, e mandioca. Das quais vendia inhame e mandioca, sendo o restante servindo apenas para o consumo da família.
Dona Lenita sempre esteve presente nas lutas pela terra, trabalhando e defendendo os companheiros das garras da justiça e defendendo os direitos. Foi uma das fundadoras da CPT e uma grande liderança na luta pela reforma agrária no município do Conde.
Já foi presidente da Associação dos Agricultores de Barra de Gramame por duas vezes, a primeira vez foi de 1987, (quando a associação foi fundada) a 1989, e depois de 1993 a 1995. Também já participou da política, foi candidata a prefeita da cidade do Conde em 1988 pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Em 2015, Dona Lenita faleceu. As comunidades quilombolas de Gurugi e Ipiranga e toda a Paraíba foram se despedir da mulher batalhadora, cujo legado de luta, festa e devoção deixou lembranças, inspirações eternas e a certeza de que seus conhecimentos e seu amor pela cultura popular se manterão vivos na memória dos que ficam.
Fontes:
http://multivisualnetbsj.xpg.uol.com.br/incra/Assentamentos%20do%20Conde/BGramame/Joelma/cultura.htm
http://semecconde.blogspot.com.br/2013/08/ii-coloquio-de-cultura-popular-de.html