Entrevista e texto: Sandra da Costa Vasconcelos
Naturalidade: Serra Branca – PB // Radicada em João Pessoa – PB
Nascimento: 11 de dezembro
E-mail: manajornalista@gmail.com
Facebook: Fatima Mana Sousa
Instagram: @manabiju_natural
Maria de Fátima Araújo de Sousa é artesã, com arte identificada na cultura negra. O artesanato em sua vida é um dom ancestral. As mulheres de sua família sempre teceram juntas, seja no tear ou na máquina de costura, com agulhas nas mãos e no vai e vem de nós do tricô, crochê, bordados, macramé e bilros (renda).
Ela cresceu assim e com 8 anos de idade, já confeccionava produtos de sisal e linhas. Vendia aos vizinhos, amiguinhas e até na feira livre de sua cidade, Serra Branca/PB.
A família veio para João Pessoa em 1968. O artesanato sempre ajudou na sua renda familiar. Ajudou na compra de livros e material acadêmico, sobretudo na Universidade , no curso de jornalismo.
Em 1990 ela dividiu um atelier de artes com 3 colegas artistas, vendiam os produtos na saudosa Feirinha de Tambaú.
Mesmo com a atuação no jornalismo, nunca parou o artesanato, vendia nos locais de trabalho.
Em 2011 criou o atelier Man’art Negra, onde são vendidas, acessórios étnicos de ancestralidade preta e diversidade humana, produzindo bonecas de pano e bijus naturais capazes de potencializar a força e a beleza das pessoas, adultos e crianças, atendendo um público diverso, ligada à arte/cultura, educação, religiosidade e tradições afro brasileiras.
Em 2015, por ocasião da Marcha das Mulheres Negras, em Brasília, retomou a trajetória de exposições em feiras, sobretudo de caráter étnicas, ligadas a Negritude e demais culturas originárias.
Em 2018, com algumas mulheres do movimento de mulheres negras, criaram a Feira Preta (Dudù Ite em yorubá).
Atualmente, ela está como curadora desta feira, uma atividade de proposta financeira colaborativa, coletiva, inclusiva para o povo preto.
São grandes as dificuldades, mas ela conquista espaços com parcerias oficiais, lutando ainda por um espaço permanente, pelo menos um dia de cada mês.
Concomitantemente, ela participa de feiras de artesanato promovidas de forma oficial, como o Salão do Artesanato da Paraíba, Feira do Espaço Cultural e vez por outra, algumas organizadas de forma particular.
Como dificuldade, ela cita a falta de uma política pública mais concreta e contínua para o artesanato. Exceto as raras feiras oficiais, pois as feiras organizadas com frequência nos locais públicos, são caríssimas as inscrições e fogem de seu biotipo. São feiras repletas de brechós, produtos importados (lojas de internet), em sua maioria. As chamadas “feiras criativas”. Uma concorrência desleal e fora do nosso perfil artesanal. Na tentativa de escoar o material, é preciso pagar caro para participar, sabendo dos prejuízos que podem correr. Muitos não participam por falta de recursos.
Na realidade, ela diz se sentir excluída do processo, a exemplo da maioria dos colegas. Então ela fica à espera do Salão do Artesanato da PB, que é realizado de seis em seis meses, um em João Pessoa e outro em Campina Grande e das feirinhas ligadas a alguns shows esporádicos no Espaço Cultural, também as raras feiras da Energisa Cultural, selecionadas através de editais.
Fonte:
Entrevista concedida por Man’art Negra a Sandra da Costa Vasconcelos em fevereiro de 2025.