Naturalidade: João Pessoa-PB
Nascimento: 29 de março de 1921 / Falecimento: 16 de junho de 2008
Atividades artístico-cultural: Compositor e cantor.
Homenagem (in memoriam): Com a ‘Medalha Ariano Suassuna’ (uma das mais importantes comendas cultural do Legislativo), em 29 de março de 2011.
Gêneros musicais: Frevo, samba-canção, choro e hinos.
O paraibano Genival Macedo era considerado inteligente e irrequieto, na juventude já demostrava uma veia poética, compondo singelos sonetos para admiração dos seus mestres e colegas. Muito jovem enveredou pelo mundo da música.
Começou sua carreira artística na cidade de João Pessoa onde compôs em 1937 a canção “Meu sublime torrão”. Nesse ano, foi fundada a Rádio Tabajara da Paraíba. Ele formou então com os amigos Jayme Bezerra e Paulo Barbosa, o “Trio Irmãos do Ritmo” que passou a atuar na nova emissora. Na década de 1940, criou e dirigiu com Dulce Carneiro o programa radiofônico “Um instantâneo artístico da vida social de João Pessoa” que ia ao ar aos domingos com grande audiência da sociedade local.
Entre os anos de 1941 e 1943, ao lado do irmão Gilvan e do técnico de som Nilton Monteiro, desfilou no carnaval pelas ruas de João Pessoa em cima de um Chevrolet 1939, com 3 metros de altura, intitulado Palácio do Frevo, arrastando multidões com um som amplificado tocando frevos.
Genival fez muito sucesso nos carnavais percorrendo não só o centro, como os bairros de João Pessoa, sempre divulgando suas criações e o novo ritmo que chegava a cidade, o frevo. A engenhoca mecânica foi considerada o avô do trio elétrico baiano inventado depois por Dodô & Osmar.
Genival quando trabalhou na Rádio Tabajara da Paraíba foi contemporâneo dos maestros Severino Araújo, Moacir Santos e Rosil Cavalcanti. Quando foi morar em Recife, como representante da gravadora Copacabana, conheceu outro paraibano que também vivia da sua arte, Jackson do Pandeiro, de quem se tornou amigo e lançou no cenário nacional. Jackson chegou às paradas de sucesso cantando, de Genival, músicas como ‘Micróbio do Frevo’, gravado também por Gilberto Gil, e encabeçou o CD “Os Cem Anos do Frevo pernambucano”, e tido como um dos mais importantes frevos da discografia pernambucana; ‘O Crime Não Compensa’ e ‘A Mulher do Aníbal’. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, também foi empresário de estrelas da música brasileira como Altemar Dutra, Ângela Maria e Clara Nunes.
O samba “Diana”, composto em parceria com Jorge Tavares, foi a primeira música de sua autoria gravada em 1947 pelo conjunto vocal Quatro Ases e Um Coringa, grupo de grande sucesso na época.
Na era de ouro do rádio, as músicas de Genival Macêdo foram gravadas por nomes como Carmélia Alves (Saudades de Pernambuco), Alcides Gerardi (Vou ficar em Pernambuco), Carmem Costa (Senhora e senhores, parceria com Zé Violão). Em 1951, Carioca e sua Orquestra gravou o frevo “Vou ficar em Pernambuco” e Onésimo de Almeida a canção “Náufrago do amor”, parceria com Popeye do Pandeiro.
Ao longo de sua vida, Genival Macêdo fez perto de 100 músicas carnavalescas, foi sucesso total em nossos carnavais: “Branca de neve e os sete anões” e “Não é muito não?”, além de duas que encantaram gerações e por muitos considerados obras-primas: “Soltaram a onça” e “Inglesinhas” que têm uma história bem curiosa, onde, Genival estava com os amigos no Cassino da Lagoa, um local de grande aglomeração de foliões, quando chegou um grupo de ingleses que estavam aqui forçados pelo motivo de que o navio que eles viajam quebrou, e foi obrigado a atracar em Cabedelo, na busca de socorro. Chegaram ao Cassino da Lagoa no domingo de Carnaval, de 1941, em roupas nada carnavalescas. Uma jovem do grupo com uns 20 anos de idade, chamou a atenção de todos por sua beleza. A jovem deixou Genival deslumbrado e ele resolveu homenageá-la. A música foi sucesso total, inclusive gravada em 1951, por Gilberto Fernandes.
O êxito total de Genival, no entanto, foi à música “Soltaram a onça”, composta em 1942 em homenagem a Banda de Música da Polícia Militar e foi executada em todos os carnavais, até os anos 1950. Segundo o artista em depoimento a Wills Leal em seu livro “No tempo do lança Perfume” ele diz “como é do conhecimento dos que viveram aquela época, havia dominicalmente, a retreta da Praça João Pessoa, que era abrilhantada pela Banda de Música da Polícia Militar. A apresentação terminava, imprescindivelmente, às 21 horas. Pois bem, 10 ou 15 minutos após, não havia mais ninguém na praça, com exceção de alguns velhinhos. Era como se uma onça tivesse aparecido. Tive então a idéia de aproveitar o motivo para compor “Soltaram a Onça”. A música depois do êxito na cidade passou a ser tocada, inclusive, pela banda, no seu regresso ao quartel, após a retreta, substituindo velhos dobrados, com muita gente cantando seus versos, na maior animação”.
O maestro Severino Araújo sempre colocou a música “Soltaram a onça” em destaque no seu vasto repertório, apontando-a como uma das melhores do compositor paraibano.
Em 1964, compôs o tema oficial para a campanha do ex-presidente Juscelino Kubitschek à presidência da República em 1965, o que acabou não ocorrendo devido ao golpe militar de 1964.
Em 1972, através de Lei Municipal, o samba-exaltação “Meu sublime torrão” tornou-se o Hino Popular Oficial da cidade de João Pessoa.
Inúmeros são os intérpretes nacionais e regionais da obra de Genival Macêdo. Entre tantos se podem destacar Jackson do Pandeiro, Carmélia Alves, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Patrícia Moreyra, Walmir Chagas, Cláudia Beija, Silvério Pessoa, dentre outros. Recentemente grandes nomes da nossa música entraram para essa galeria de intérpretes: Chico Buarque e Zeca Pagodinho gravaram “A Mulher do Aníbal” e Gilberto Gil, “Micróbio do Frevo”.
Em 2009, foi lançado pelo SESC o “Tributo a Genival Macedo” com um encarte com textos de Renato Phaelante Câmara, Antonio Vicente Filho, José Teles, Eurico Rodolfo de Araújo Filho e outros falando sobre sua vida e obra.
No dia 29 de março de 2011, a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), através de sua mesa diretora, homenageou, durante sessão solene, Genival Macedo (in memoriam), com a ‘Medalha Ariano Suassuna’ (uma das mais importantes comendas cultural do Legislativo) que foi entregue pelo presidente da Casa, vereador Durval Ferreira (PP), ao produtor cultural Paulo Germano, filho do compositor, pelos relevantes serviços prestados à música e à cultura da Capital.
Na oportunidade os discursos de homenagem destacaram: “o artista tinha um dom de Deus, era uma pessoa iluminada, um compositor criativo, um profissional com uma sensibilidade musical invejável, no bom sentido da palavra”, enfatizou Durval Ferreira. E complementou “ele amava criar, tocar e divulgar a nossa música”. O músico, compositor e cantor Jadir Camargo considerou o gesto do Legislativo bastante louvável. Ele destacou que é o reconhecimento de que Genival Macedo pautou sua vida em cima de obras musicais que ficaram na lembrança do povo paraibano. “São músicas que vão ficar eternizadas na mente do povo”.
Genival Macedo viveu a música intensamente desde a juventude em João Pessoa; ele respirava música e poesia. Foi considerado como um dos precursores da modernidade, na música pernambucana fez versos não obedecendo à métrica tradicional do frevo. Ele compôs samba-canção, choro, e de todos os estilos, o frevo era a sua paixão. Genival também compunha hinos, ele era muito eclético.
O artista morreu aos 87 anos vítima de uma parada cardíaca, no Hospital Alfa, em Boa Viagem, no Recife – PE.
Meu Sublime Torrão (1937) composição de Genival Macedo:
Num recanto bonito do Brasil
sorri a minha terra amada.
Onde o azul do céu
é mais cor de anil.
Onde o Sol tão quente
parece mais gentil!
Lá eu nasci e me criei
fiz canções e amei
sempre tive inspiração.
Lá no Nordeste imenso
tem um fulgor intenso.
Meu Sublime torrão!
A minha terra
que só encerra
belezas mil.
Pode ser chamada
a namorada
do meu Brasil!
Minha terra tem
o cantar dos passarinhos.
Na lagoa, os gansinhos
com seu nado devagar.
As morenas tão gentis
ostentando os seus perfis
Numa noite de luar.
Não tem a fama da baiana
mas a paraibana
sabe amar tem sedução.
Paraíba hospitaleira
Morena brasileira
Do meu coração!
Soltaram a onça (1942) Música de Genival Macedo:
Soltaram a onça
desce todo mundo
aristocrata, vagabundo.
Soltaram a onça
Não demora um só segundo
Soltaram a onça!
Desce todo mundo.
E quando é hora
A banda toca o seu dobrado.
Quem está amando dá adeus ao namorado,
Então na praça o silêncio é profundo.
Pois soltaram a onça,
Desce todo mundo.
Fontes:
http://genivalmacedo.blogspot.com.br/2011/05/tributo-genival-macedo_04.html
http://www.dicionariompb.com.br/genival-macedo/dados-artisticos
http://radiotabajarapb.blogspot.com.br/2011/03/genival-macedo-o-autor-de-sublime.html