Início: 1918
Principais obras cinematográficas: Carnaval Paraibano e Pernambucano (1923); Sob o Céu Nordestino (1928); Reminiscência de 30 (1931); Aruanda; (1960); O País de São Saruê (1971); Romeiros da Guia (1962); Menino de Engenho (1965); Os Homens do Caranguejo (1968); Fogo Morto (1976).
O cinema chegou à Paraíba trazido pelo ambulante europeu Nicola Maria Parente, que realizou as primeiras exibições de filmes em João Pessoa no ano de 1897, durante a Festa das Neves. O segmento começou a ganhar força a partir de 1907, quando as primeiras narrativas cinematográficas de ficção chegaram à capital. Entretanto, foi apenas por volta de 1918 que surgiram as iniciais obras da sétima arte nas terras paraibanas, com o fotógrafo oficial do governo, Pedro Tavares, que registrou os acontecimentos mais importantes do estado.
Na mesma época, Walfredo Rodrigues se dedicava a montar um laboratório onde revelava e copiava seus próprios filmes, com temas geralmente ligados à agricultura. Foi a partir do autor que o cinema na Paraíba começou a se consolidar no ano de 1923, com o lançamento de “Carnaval Paraibano e Pernambucano”.
Em 1928, Walfredo gravou o primeiro documentário feito no estado, chamado “Sob o Céu Nordestino”, com 80 minutos de duração. O longa-metragem demorou quatro anos para ser finalizado e foi produzido pela Nordeste Filmes, empresa criada pelo cineasta. A obra era dividida em oito partes e foi pioneira na ficção sobre a presença indígena em terras paraibanas, mostrando os habitantes da região, a fauna e a flora, até chegar a documentação do comércio e da indústria local. A produção registrou também a pesca das baleias no litoral e fazia uma descrição da cidade de João Pessoa daquela época.
No ano de 1931, Walfredo fez seu último filme, “Reminiscência de 30”, que exibiu episódios da vida do político João Pessoa, como seus discursos e suas viagens pelo interior do estado. Depois do pioneirismo desse cineasta, não houve mais quem fizesse filmagens na Paraíba em várias das décadas seguintes, com exceção de raras produções feitas por equipes pernambucanas. Ele é considerado o pai do Cinema na Paraíba. De suas obras restaram apenas fragmentos que foram mais tarde utilizados por Vladimir Carvalho, em “O Homem de Areia”, de 1982.
Apenas com o fim da década de 1950, a sétima arte voltou a ser pauta na Paraíba, principalmente com o nascimento de um novo estilo no Brasil, o Cinema Novo. Entre 1959 e 1960, foi gravado o filme “Aruanda”, de Linduarte Noronha, que marcou o início do Ciclo do Documentário Paraibano. A obra conta a história de Zé Bento, que junto com sua mulher e filhos sai em busca de uma terra para morar, até chegar à Serra do Talhado, onde funda um quilombo. A força do longa está no registro da vida dos escravizados, após sua libertação dos engenhos e fazendas nordestinas, onde a família de Zé Bento representa umas das muitas que foram abandonas à própria sorte.
“Aruanda” significou a inserção do cinema paraibano no cenário nacional, impulsionando a produção de filmes documentais no estado. Dessa safra, surgiram nomes como Vladimir Carvalho (“O País de São Saruê” – 1971), João Ramiro de Melo (“Romeiros da Guia” – 1962) e Ipojuca Pontes (“Os Homens do Caranguejo” – 1968), entre outros. O Ciclo do Documentário Paraibano foi encerrado com “Homem de Areia”, feito por Vladimir Carvalho.
A década de 1960 se destacou pelo aumento da produção de filmes, mesmo com a dificuldade para a obtenção de recursos, equipamentos e profissionais especializados. Muitos cineastas do Sul do país vieram para a Paraíba e o movimento local obteve um crescimento significativo. Com todos os avanços do cinema, foi realizado a VII Jornada Brasileira de Curta-Metragem, em 1979.
Após o final dessa fase, muitos cineastas paraibanos migraram para outras regiões, fazendo com que as rodagens diminuíssem quase por completo. Ao mesmo tempo, em um movimento contrário, a cultura e a literatura da Paraíba acabaram atraindo nomes do cinema vindos de outros estados, o que resultou em três famosos longas de ficção como, “Menino de Engenho” (1965), de Walter Lima Jr., feito a partir da obra de José Lins do Rego; “Soledade” (1976), de Paulo Thiago inspirado em “A Bagaceira”, de José Américo de Almeida; e “Fogo Morto” (1976), rodado por Marcos Farias, uma adaptação da obra homônima de José Lins do Rêgo. Nos últimos anos, a produção cinematográfica do estado se concentra na realização de curtas-metragens.
Fontes:
http://cinepbmemoria.com.br/o-projeto/
http://www.itaucinemas.com.br/noticia/497-Aniversario-de-Joao-Pessoa-homenagem-ao-Cinema-Paraibano
http://tede.biblioteca.ufpb.br/bitstream/tede/8360/2/arquivototal.pdf
http://www.proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2015/article/view/319/314