Naturalidade: Itapetim – PE / radicada em João Pessoa
Nascimento: 24 de Junho de 1957
Formação: Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade Federal da Paraíba, 1981; Mestra em Ciências Sociais pela mesma universidade, 1996; Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004.
Atividades artístico-culturais: Escritora e Cantora.
Atividades exercícios-profissionais: Jornalista, Professora e Pesquisadora.
Facebook: https://www.facebook.com/joanabelarmino.desousa
Site: http://joanabelarmino.zip.net/
Joana Belarmino de Sousa, pernambucana, nascida no povoado de Itapetim, portadora de deficiência visual, vem para João pessoa aos seis anos de idade para poder estudar em uma escola especial, o Instituto Adalgisa Cunha, referência na educação inclusiva para pessoas cegas. Na capital paraibana, passou a maior parte da infância e juventude e com o passar do tempo a família toda também se mudou
Na biblioteca da escola, Joana tomou gosto pela leitura e pela arte de contar histórias e, mesmo contra todos os obstáculos, ingressou na faculdade de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no ano de 1978, concluindo em 1981. Antes mesmo de se formar, Joana trabalhou como repórter freelancer para o jornal do então seu professor Jorge Machado, onde procurava contar as histórias que os outros não quiseram contar e quinze dias após se formar na universidade ela consegiu trabalho como jornalista no jornal O Norte.
Joana Belarmino também é uma autora premiada internacionalmente, por contos como “A Festa de Ontem” que aborda o envelhecer de uma forma poética e fantástica da realidade e contos como “As Tantas Cordas do Sonho”, já publicou dois livros infantis: “O Patinho Criança” e “Dartanham, um Gato com gosto de Pinto”. Em parceria com o poeta Lau Siqueira, lançou o livro de contos e poemas “O comício das Veias”, responsável também pelo livro “Já não há golfinhos no tejo” que faz parte da coleção latitudes, além de participações em livros acadêmicos. Não obstante, Joana Belarmino tem um histórico de sucesso na música, o que já lhe rendeu prêmios em festivais musicais.
Desde 1994, Joana compõe o quadro efetivo de docentes da Universidade Federal da Paraíba, tendo posteriormente concluído o mestrado em Ciências Sociais pela UFPB (1996) e Doutorado em Comunicação Semiótica pela PUC-SP (2004). Como acadêmica, desenvolve pesquisas nas áreas de acessibilidade à comunicação, ciberativismo, cegueira e percepção tátil, arte, literatura e comunicação. Também é professora permanente do Programa de Pós-graduação em Jornalismo da UFPB. É colunista semanal do jornal A União e mantém o blog Barrados no Braile, onde publica textos autorais (artigos, crônicas, contos).
Abaixo segue um texto retirado do blog Barrados no Braile:
Bem-te-vis
Escrever. Escrever devagar. Pensar em cada palavra, pesá-la no côncavo invisível do pensamento, deixa-la tombar, ao lado da sua vizinha, irmanadas na diferença, reféns para sempre, presas irremediáveis da esteira do sentido.
Escrever pelo puro prazer de escrever. Pintar o quadro da mulher sentada, sozinha no seu quarto, a aproveitar as últimas tonalidades da tarde de junho, a lembrança da chuva a tingir levemente o tempo, pássaros a trinar contra o fremir do trânsito, na avenida principal.
Escrever, palavra sobre palavra, a dúvida, o silêncio, a saudade, a mágoa, a cascata dos bits na tela, escrever desse modo em que a música das teclas entoa o canto invulgar desse agora, sonata cibernética, contra o canto cristalino dos bem-te-vis.
Afagar em verdana, o alforje gasto de solidão, espreitar para dentro, recolher ínfimas quinquilharias. Um velho cheiro dos jardins da infância, o tom escarlate de cólera, na voz da minha mãe, enredado à lembrança do meu pai, em modo de quase prece, a tanger o gado para dentro do curral entardecido.
Lembranças desbotadas pelo tempo, vívidas agora, na tinta da escrita, não sendo senão lembranças, ordenadas em palavras.
Ah se eu pudesse. Se eu pudesse trazer para cá o aboio, o cheiro da chuva, os olhos da minha mãe, escrutinando o cume da serra. Mas só escuto os bem-te-vis, na tarde de junho. Só escuto os bem-te-vis. Os bem-te-vis, percuto de novo a pequena palavra, no teclado multimídia, a ver se ela esvoaça, transborda, transporta-se.
Joana Belarmino
Fontes:
http://joanabelarmino.zip.net/
https://www.escavador.com/sobre/4826039/joana-belarmino-de-sousa
http://intervox.nce.ufrj.br/~joana/