Naturalidade: Santa Luzia – PB
Nascimento: 23 de agosto de 1935
Formação: Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (1964) pela Faculdade do Recife.
Atividades artístico – culturais: Escritor e poeta
Atividade exercício – profissional: Promotor de justiça
Livros: Geração 59 (1959); Pedra de Espera (1961); Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa (1962); Noturno do Adro da Igreja de São Francisco (1980); Sonetos das Harpas do Areal (1980); Fazenda de Murmúrios (1980); Canto da Capitania Real de Nossa Senhora das Neves (1985); Agrarianas e Outros Poemas Escolhidos (1996); Aliado Poema (2010); Bola, Brasil (2010); Jo Mar (2011); Elegia Para Um Camponês Morto na Fazenda Miriri (s.d.).
Jomar Morais Souto é um dos mais importantes poetas do movimento literário paraibano que ficou conhecido como Geração 59. Filho de João Paulino Souto e Maria Morais Souto, mudou-se com sua família no ano de 1941 para a cidade de João Pessoa, onde iniciou os seus estudos. Fez o curso primário no Grupo Escolar Epitácio Pessoa, o ginásio no Colégio Marista Pio X e o ensino secundário no Lyceu Paraibano. Durante os tempos de escola foi líder estudantil, por sua identificação com os movimentos de esquerda e com o Partido Comunista.
Desde a infância, sua formação literária foi influenciada por um dos seus irmãos, o também poeta Valdomiro Morais Souto, que o fez se interessar pelas obras de Casimiro de Abreu, Castro Alves e Augusto dos Anjos. Anos depois, seu segundo irmão, Francisco Morais Souto, lhe apresentou a poesia moderna brasileira, o presenteando com livros de Jorge Amado e José Lins do Rego.
Ao completar a maioridade, ingressou no serviço público por meio de um concurso para o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). Durante a Ditadura Militar no Brasil, foi forçado a fazer uma pausa em sua criação artístico-literária por conta do Ato Institucional Número 5 (AI-5). Nesse período, concorreu a um cargo para o Ministério Público, onde foi aprovado e nomeado Promotor de Justiça, atuando na comarca da cidade de São José de Piranhas, no Alto Sertão paraibano. Na década de 1970, integrou a equipe do gabinete do Governador Tarcísio Burity.
Através de Nicodemus Lopes, o paraibano estreou no jornal O Estado, publicando suas primeiras crônicas e reportagens. Em 1958, no periódico A União escreveu poemas, ilustrados por Ivan Freitas. No ano seguinte, foi elogiado pelo autor pernambucano Mauro Mota, devido ao destaque que teve na coletânea de poesias “Geração 59”, escrita por um grupo de jovens literatos paraibanos. Na ocasião, o escritor o considerou um dos melhores e mais promissores representantes de sua geração literária, pela capacidade de novos métodos de assimilação política.
Jomar contou sobre o que o motivou a criar um estilo poético considerado como anticonvencional, em parceria com alguns escritores regionais da sua época. “Queríamos que a Paraíba reconhecesse que não havia somente poesia tradicional, poesia parnasiana. Era necessário que nós chegássemos ao Modernismo, um movimento tão antigo, de 1922, e, em 1959, ainda era difícil nós sermos bem recebidos”, relembrou.
Em 1961, participou de um encontro nacional de escritores no Rio de Janeiro, a convite do jornalista Adalberto Barreto, presidente da Associação Paraibana de Imprensa (API). Na oportunidade, o jovem poeta paraibano conheceu Vinicius de Morais, com quem cultivou uma sólida amizade. No mesmo ano, ganhou o Prêmio Augusto dos Anjos, pelo livro “Pedra de Espera”. Vencer a mais importante premiação da época foi um momento de reconhecimento e notoriedade para o escritor.
No ano de 1962, Jomar publicou sua principal obra, o poema “Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa”, tendo como tema a capital paraibana. O texto começou a ser feito em uma pensão de Recife, inspirado pelas lembranças e pela paixão por sua terra. “Eu escrevi o poema nessa fase alegre da Geração 59. Além do ambiente da convivência boêmia do grupo e do meu amor pela cidade, houve também a saída para o Recife, a minha saudade por João Pessoa, a falta que eu sentia da cidade”, revelou o escritor.
A produção poética de Jomar Souto é extensa e bastante diversificada, passando pela literatura, teatro, música e pelo cinema. Em 1957, escreveu um poema que se integrou ao filme “País de São Saruê”, além de sua trilha musical. Compôs também canções para as obras cinematográficas “Conterrâneos Velhos de Guerra” e “A Bolandeira”, do cineasta paraibano Wladimir Carvalho.
Em 1969, participou do elenco da peça “PA-RA-Í-BÊ-A-BA”, dirigida por Paulo Pontes, declamando versos autorais e de Augusto dos Anjos. Seu poema “Reina Calma no País” foi transformado em música pelo compositor Marcos Vinicius, e “Sabia, Sábia” por Vital Farias, ambos apresentados no Festival de Música Popular Brasileira, realizado no Teatro Santa Rosa, onde saíram vitoriosos.
No ano de 1985, o escritor venceu um prêmio nacional de poesia no concurso Quarto Centenário da Paraíba, por “Canto da Capitania Real de Nossa Senhora das Neves”. Na mesma época, integrou o livro “Poetas Contemporâneos Antologiados”, de Henrique Alves. Fizeram parte do volume obras dos autores brasileiros como João Cabral de Melo Neto, Carlos Nejar, Thiago de Mello, Mauro Mota, entre outros.
Em 1988, Jomar Morais Souto ingressou na Academia Paraibana de Letras, saudado pelo acadêmico Luiz Gonzaga Rodrigues. No ano de 1994, alguns de seus poemas fizeram parte da antologia “Nordestinos”, editada pela Editorial Fragmentos de Lisboa.
Festa Nordestina
As mesas estavam postas
no meio da rua,
e as brasas dispostas
na pedra nua.
Eram as camponesas,
na tarde sua,
límpidas tristezas
no meio da rua.
E eu me lembro de que havia
ainda
um fogareiro aceso.
Sobre o trempe u’a mão tremia,
assando milho, com medo.
As mesas estavam postas
no meio da rua.
(Jomar Morais Souto)
Soneto Só Para a Segunda Pessoa
A de ti de quem não sabe a dor do vento
ninando a tarde verde no aqueduto.
A ti que mais amar na noite intento,
tangendo este silêncio em ti escuto
insto que em tí, por nós, no mesmo acento,
liberto e rendo, só por ter-te em tudo
de onde tirar, na flor em que te invento,
essa outra flor do amor que te disputo.
Não só por flutuares, ou que mais
longe um do outro, não nos fiquem bens.
Mas é porque sabendo que te vais,
Eu sei, também, do verde em que te vens
ungida e alegre para nunca mais
arderes, só, no adeus em que me tens.
(Jomar Morais Souto)
Fontes:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/jomar_morais_souto.html
http://www.aplpb.com.br/component/k2/item/112-jomar-morais-souto
http://www.jornaldaparaiba.com.br/cultura/noticia/67598_jomar-souto-lanca-coletanea-de-poemas