Naturalidade: São José de Pilar – PB
Nascimento: 15 de março de 1932.
Falecimento: 26/04/1985 em Salgado de São Felix.
Atividades artístico-culturais: Poeta, cantador e repentista.
Manoel Lourenço da Silva foi um homem simples, generoso, eternamente cavalheiro, incapaz de um ato ríspido, mesmo nas horas em que sua tranquilidade corresse o risco de ser ameaçada. Nem por isso deixou de ser um poeta atormentado, de permeio, entre “o mundo e o nada”, o pranto e o riso.
Conterrâneo de José Lins do Rego e de João Lourenço, violeiro em plena atividade profissional. Mas viveu grande parte de sua vida e faleceu, na cidade de Salgado de São Félix, situada às margens do Rio Paraíba.
Segundo o pesquisador da cultura popular Ésio Rafael “A obra de Manoel Xudu exige um conhecimento maior desse gênio do repente. Cada estrofe é um monumento de Arte, a expressar uma cascata de emoções que despenca em uma alma profundamente humanística”.
E acrescenta “O repentista preenche as exigências da categoria, no que concerne, o cantador, o poeta, e o repentista. O cantador canta em qualquer estilo, atende ao mercado, espreita os acontecimentos diários. O poeta não se explica, graças a Deus! “.
Tudo tende à emoção. É o Arquiteto dos sonhos e da metáfora. O repentista é simplesmente maravilhoso! É a marca registrada do repente. É quem pega o fato no ar, muitas vezes sem saber nem o que vai dizer. “Ele pega de bote”.
O poeta era tudo isso, dentro de uma simplicidade tamanha, ele abordava os temas mais profundos, com a maior presteza. A arte do improviso alimentava corpo e alma deste poeta, do “Pilar”. Bom tocador de viola, o que é um tanto raro dentre os repentistas. Ele e Severino Ferreira quando se deparavam, o “cancão piava”, no desafio só de viola. Gostava de uma “branquinha”. Às vezes os próprios colegas o prendiam num quarto, até de motel, contanto que ele estivesse bom para o desafio noturno dos “Festivais”.
Manoel Xudu tinha o olho biônico. Seus versos eram recheados de carinho, paixão, desde quando necessários. Cantou com mais de cem, só perdeu para a jurubeba (pinga) que o levou ao túmulo. Virou repentista imortal, o maior de todos depois de Pinto do Monteiro, nesta arte extraordinária que é a poesia do repente é o grande poeta Manoel Xudu Sobrinho, Manoel Xudu, ou, simplesmente, Xudu.
Improvisos de Manoel Xudu:
Sou igualmente a pião
Saindo de uma ponteira
Que quando bate no chão
Chega levanta a poeira
Com tanta velocidade
Que muda a cor da madeira.
Cantar pra Zé de Cazuza
Pra Lourival, pra Heleno
É mesmo que matar cobra
Com um cacete pequeno
Pisar na ponta do rabo
Sem se lembrar do veneno.
Deixe de sua imprudência
Deixe eu findar a peleja
Como é que eu posso cantar
Tocar e tomar cerveja
Cachorro é que tem três gostos
Que corre, late e fareja.
Me admira é o pica-pau
Comer miolo de angico,
Tem hora que é taco-taco,
Tem hora que é tico-tico,
Nem sente dor de cabeça
Nem quebra a ponta do bico.
Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Mamãe me deu um tapa
E depois se arrependeu
Beijou aonde bateu
Acabou a inchação
Quem perde mãe tem razão
De chorar o que perdeu.
Fontes:
http://pilarpb.blogspot.com.br/2013/09/manoel-xudu-um-genio-do-repente.html
http://www.interpoetica.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1094&catid=0
http://cantigasecantos.blogspot.com.br/2013/03/poesia-manoel-xudu-um-poeta-lirico.html
http://www.luizberto.com/repentes-motes-e-glosas/manoel-xudu-e-antonio-de-padua-borges
http://culturanordestinaemfoco.blogspot.com.br/2011/10/repentista-nordestino.html
Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.