Naturalidade: Patos – PB
Ano de falecimento: 1980
Atividade artístico – cultural: Ceramista
Técnica Artesanal: Manual
Matéria-prima: Barro/argila, e cerâmica.
Peças produzidas: Bichos variados (onças, cavalos, cachorros, porcos, bodes, elefantes, cobras, entre outros). E as figuras humanas do boiadeiro e do cangaceiro.
Maria das Dores de Oliveira, autodidata, ceramista popular talentosa. Conhecida por “Maria dos Bichos”, dada a sua habilidade em confeccionar animais de barro. A artesã, junto com sua irmã Felismina Santana da Conceição fez parte da Cooperativa Artesanal Mista de Patos, e criaram peças para exposições e colecionadores do país e exterior.
Esta cooperativa foi criada nos anos de 1950, por Maria Sátyro, Odete Lopes e Nazira Barreto. Um espaço que lhe proporcionou um enorme progresso em termos artísticos. Não apenas no aprimoramento através dos cursos ministrados, mas principalmente, por inúmeras exposições realizadas em diversas partes do país.
No final do ano de 1970, o professor Oswaldo Trigueiro organizou uma exposição de suas obras na “Semana Folclórica da Cidade”, o que resultou em grande repercussão no meio estudantil da Região das Espinharas. Após a exposição, as obras foram encaminhadas para o NUPPO/UFPB. Tendo em conta a importância do acervo, o Prof. Oswaldo Trigueiro conseguiu viabilizar o encaminhamento das peças para a UFPB, onde passou a figurar em uma exposição permanente.
No início da década de 1990, a presidente Emília Longo, articulou-se com o professor da UFPB, José Augusto de Morais, e viabilizou uma exposição com as peças de Maria dos Bichos, evento que teve a duração de trinta dias, rememorando a artesã para os mais antigos e divulgando sua história aos mais novos.
Em janeiro de 2000, a Universidade Federal da Paraíba, através do Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (NUPPO) realizou no Centro Cultural São Francisco, na Capital do Estado, uma exposição com os trabalhos da ceramista patoense.
A arte de Maria dos Bichos se destaca pela originalidade e espontaneidade do seu imaginário, no qual os animais têm um espaço de relevo. As onças, cavalos, cachorros, porcos, bodes, elefantes, e cobras ocupam um lugar privilegiado na sua galeria, e também aparecem as figuras do boiadeiro e do cangaceiro.
O trabalho da ceramista não tem refinamentos técnicos e muitas vezes a pintura tosca de um elemento avança sobre outro. Mas se a fatura não é apurada no acabamento, o brutalismo formal das peças ganha em expressividade e faz de Maria dos Bichos uma artista singular entre as ceramistas populares brasileiras.
“Desde Mestre Vitalino, em Pernambuco, a cerâmica popular nordestina tem apresentado nomes expressivos no campo da escultura. Na Paraíba, Maria dos Bichos, artista natural de Patos, se destaca pela originalidade dos seus trabalhos e pela grande espontaneidade do seu imaginário, no qual os animais tem espaço de relevo”. (Gabriel Bechara/UFPB).
Maria dos Bichos faleceu em situação de abandono e desamparo, vivenciando a falta de reconhecimento pela grande contribuição dada à nossa cultura; este cenário infelizmente é enfrentado pela maioria dos artistas populares, desprovidos de ajudas da comunidade e poderes públicos.
Fontes:
http://patosemrevista.com/mariabichos.html
http://www.ufpb.br/content/ufpb-participa-da-d%C3%A9cima-primeira-semana-nacional-de-museus