Naturalidade: Campina Grande-PB
Nascimento: 19 de outubro de 1977
Atividades artístico-culturais: Escritora e ativista cultural
Atividade exercício-profissional: Professora
Mirtes Waleska Sulpino é escritora, professora e ativista cultural, nasceu em Campina Grande-PB, em 19 de outubro de 1977. É filha da Professora Josinete de Oliveira Sulpino e de José Fábio Sulpino que é autônomo e trabalha com venda de carros no estado do Pará. “Sou filha única do meu pai, mas tenho dois irmãos, Júnior que é empresário e Luana, enfermeira, fruto do segundo casamento da minha mãe. ”
“Aos 2 anos de idade meus pais separaram e fui morar no sítio Pedra d’Água (sítio próximo a Boqueirão, hoje pertencente ao município de Caturité) com meus avós maternos. Então, todas as minhas lembranças de infância me remetem aquele lugar. A convivência com os animais do curral, com o roçado, a vida no sítio, as brincadeiras, os banhos de tanque e de açude. Morei com os meus avós até meus 12 anos de idade. Estudava em Boqueirão-PB. Minhas melhores lembranças da infância são essas”, afirma Mirtes.
“Meu avô, Seu Zuza, caminhoneiro aposentado e minha avó Dona Ivonete era dona de casa e Professora. Minha avó foi uma das precursoras da alfabetização lá no sítio Pedra d’água, a minha relação com ela era muito forte e afetuosa, foi minha referência de mãe durante a infância, embora eu tenha uma relação muito boa com a minha mãe. Nós somos todos muito ligados. ”
Mirtes é formada em Licenciatura em História pela UVA- Universidade Estadual Vale do Acaraú, cursou Letras Português na UEPB, mas, no último ano, devido ao pai de suas filhas, Débora e Rebeca, sofrer um acidente e falecer, não chegou a concluir o curso. “Minhas filhas eram pequenas, uma com três e outra com cinco anos de idade. Tive que parar a minha vida e recomeçar do zero”, disse a escritora.
Mirtes também tem formação em gestão cultural e elaboração de projetos culturais pela FGV- Fundação Getúlio Vargas e cursa especialização em História Local pela UEPB, desde ano passado, 2020. Seu primeiro trabalho como escritora foi o livro “Versos Expressos”, lançado em 08 de março de 2008, pela EDUFCG (Campina Grande).
“Morei em Campina Grande por um tempo, em abril de 2006, vim morar em Boqueirão, foi uma forma de criar minhas filhas com mais liberdade, sem aquele “assombro” da cidade grande. Desde esse tempo resido em Boqueirão, já se passaram 15 anos. Hoje minhas filhas já fazem faculdade em Campina Grande e é aqui onde tenho casa, trabalho e desenvolvo os meus projetos culturais e refiz a minha vida pessoal com um novo relacionamento. ”
Segundo Mirtes, desde a infância ela foi uma leitora assídua, quando não entendia uma palavra ou não sabia o significado, a escrevia e pesquisava no dicionário, para ampliar seu vocabulário. Tinha um caderninho só para isso. Então, acredita que esse fato contribuiu no seu processo de formação e criação literária. “Sempre que lia e gostava de um conto ou poema, acabava o reescrevendo. Minha mãe sempre levava livros para casa, ela ganhava das editoras, aquele universo ali estava sempre à minha disposição. Apesar de na época não ter condições de comprar livros, era algo acessível por minha mãe ser professora, a condição dela de ter contato com editoras. Eu a considero como a pessoa que mais me incentivou. ”
“Também escrevia diários, mas acredito que comecei mesmo a dar esses primeiros passos como escritora, quando entrei na universidade. O interessante é que nesta época veio todo um contato com a internet também, a fase dos blogs. Muita gente começou a fazer blogs. Nós saímos dos diários e fomos para o virtual, surgiram vários blogs poéticos. Lembro que em Campina Grande tinha o “café e poesia”, localizado na Rua 13 de Maio, era um ponto de encontro de escritores e poetas da cidade, promoviam saraus. Frequentava como espectadora. Nesta época cursava Letras na UEPB, e lá acabava encontrava colegas que escreviam também.
Fiz parte do centro acadêmico do curso de Letras da UEPB. Tínhamos um jornalzinho, publicávamos os textos de alguns alunos que disponibilizavam material e foi a partir daí que participei de programas de rádio do saudoso Wilson Maux, o programa apresentava jovens escritores em Campina Grande-PB. Fui apontada no Jornal da Paraíba como uma das promessas da literatura campinense num artigo do escritor e jornalista Astier Basílio, ele citava o meu nome junto com Rodrigo Apolinário e Samelly Xavier.”
Como um dos trabalhos mais marcantes Mirtes cita seu primeiro livro infantil publicado, “Tenho várias histórias infantis não publicadas, mas o texto “A Preá que engoliu um gato”, publicado pela Plural Editora, antes de se tornar livro, se tornou uma peça encenado nas escolas de Boqueirão, Campina Grande e também durante a Flibo. No Sesc participou de um projeto de contação de história. Foi uma história que surgiu de repente, busquei animais da nossa fauna para fazer com que as crianças se sentissem mais representadas, com lugar de origem presente ali na literatura. Os personagens do livro são Tatu, Preá, Guiné e Azulão. Uma professora trabalhou em sala de aula, outras professoras viram e pediram permissão para trabalhar também. O texto foi pedido para ser publicado e em 2020, antes da Pandemia, se tornou livro. Fui agraciada em um edital da lei Aldir Blanc, o prêmio Maria Pimentel (2020). Foi marcante principalmente pela forma como se propagou e ficou conhecido nas escolas da região. ”
Mirtes cita influências como Vinícius de Moraes, Augusto dos Anjos, Cora Coralina, Adélia Prado, Fidélia Cassandra, Vitória Lima, além de Efigênio Moura, Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos, “Autores nordestinos acabaram sendo as minhas maiores influências, sempre busco referências nas obras deles para produzir meus textos. Textos de memórias que estão muito ligados à minha raiz e à minha essência. Acabo pegando um pouco de autores como Ariano Suassuna, Jessier Quirino e mais recente o escritor Efigênio Moura, da cidade de Monteiro, pois a forma como eles escrevem o interior, seus personagens e suas paisagens me inspira.”
Fonte: Entrevista com Mirtes Waleska Sulpino por Israela Ramos, em 2022.