Entrevista e texto: Laura Moura
Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 01 de outubro de 2000
Atividades artístico-culturais: Guitarrista e compositor
Instagram: @diogorodrigues083
Natural de João Pessoa, Diogo Rodrigues é músico e compositor paraibano. Atualmente guitarrista da banda Tela Azzu, o artista passeia por diversos estilos enquanto busca transmitir sua essência e gostos. Inspirado por inúmeras referências musicais, desde a MPB até o rock, ele decide inovar no universo musical paraibano criando arranjos e ousando em experimentos diversificados, como foi o caso de Muganga, seu projeto pessoal.
Diogo sempre teve vontade de aprender a tocar algum instrumento, justamente por ser algo que ele admirava e que despertava sua atenção. Porém, devido às condições financeiras esse sonho só seria alimentado anos à frente. Mesmo com esse interesse, ele não se identificava com nenhum estilo musical, revelando que muitas vezes sequer sentia vontade de ouvir música, e se detinha somente a sua paixão da época: videogames. Entretanto, tudo mudou quando um jogo entrou em cena e mudou sua perspectiva com a música.
Um jogo eletrônico de ritmo musical conhecido pelo famoso controle em formato de guitarra, Guitar Hero marcou gerações. O artista explica a importância do game como uma primeira conexão com a música, desde a sua complexidade até a beleza. Após isso, o pequeno Diogo, com cerca de 8 anos na época, logo começou a se familiarizar com vários estilos do rock. Porém, foi somente com 12 anos, quando passou a ter acesso ao youtube, que embarcou no universo de clipes musicais de rock por influência das recomendações que apareciam frequentemente na página inicial do site. Nesse momento ele foi fisgado pelos ritmos eletrizantes e únicos do gênero, sempre se atualizando nesse contexto.
Logo em seguida, seu desejo de aprender algum instrumento se realizaria. Membro do grupo de canto da igreja, seu coordenador notou seu interesse e decidiu presenteá-lo com um violão. Diogo começou a estudar a música pela internet, nutrindo ainda mais sua paixão e conexão com a música:“Instantaneamente eu senti que tinha encontrado algo pra vida, uma coisa muito forte”, ele comenta.
Quando entrou para a banda Tela Azzu, a convite do vocalista Iann Wilker, uniu sua disposição com os integrantes, se aventurando também pela composição, uma forma de expressar seus sentimentos e ideologias. Sem o intuito de limitar suas obras a uma única caixinha musical, ele buscava “traduzir” emoções e transcender sua verdadeira essência artística, além de experimentar e ousar numa nova jornada de autoconhecimento. Logo, com um repertório diversificado, Diogo começou a criar com base em seus gostos ecléticos.
“Escuto muita música no ônibus, em um dia pode rolar Bezerra da Silva, Tame Impala, Escurinho, Dead Fish, Nana Rizinni, Gilberto Gil, Jaguaribe Carne, The Mars Volta, King Crimson, Papangu, Jadsa. Realmente sou muito apaixonado por muitos estilos e maneiras de pensar e reproduzir música. A minha composição também tem muitas formas e métodos diferentes mas o mais comum é a mistura de ideias que surgem do nada com recortes de ideias já gravadas. Vou colando e estruturando a música”, comenta o músico.
Para além das suas produções com o grupo musical, Diogo criou Muganga, um projeto fruto do seu desejo de experimentar e, ao mesmo tempo, ser simples, com a vontade de aprender sobre gravação e mixagem de áudio. Essa iniciativa, ele conta, também foi a oportunidade do músico de juntar seres humanos com vivências diversificadas, que pensam em música de uma forma diferente e ver o resultado. “Me encanta muito esse processo de transformação em escala, a coisa vai passando pelas mãos de pessoas diferentes e cada vez que passa por uma mão ela sofre uma “mutação” até chegar no resultado final. Aprendi muito no processo e, graças a isso, me apaixonei também pela produção musical. No momento estou no processo de pré produção de novas músicas para lançar um álbum com o projeto”, explica Diogo
Atualmente, seu projeto pessoal conta 6 singles: ‘Por Questões de Satisfação e Ansiedade (2022)’, ‘Vassoura, Rodo, Espanador (2023)’, ‘Lagoa (2024)’, ‘Duplopensar (2024)’, ‘Pensamentocrime (2024)’ e ‘Sala 101 (2024)’. Suas obras são marcadas por uma variedade musical que une um rock psicodélico com sons e ritmos que lembram a música popular nordestina. Diogo consegue passear por uma sonora jovial e fluída, construindo um estilo não só original, mas também pulsátil que revela sua paixão e voracidade artística. Essas são características bem presentes no seu primeiro lançamento deste ano, Duplopensar, composição que passeia por letra reflexiva e viciante. Assim, suas produções transmitem sua essência, transitando por um grande experimento sonoro, inovador e cravejante.
“A música é o que eu considero como minha espiritualidade, meu divino. Antes de tudo com certeza vem o prazer de botar esses sentimentos pra fora mas principalmente de se juntar com outras pessoas e construir juntos. Essa relação de banda, de reproduzir música em conjunto, de ter que prestar atenção na ideia do outro e disso surgir arte, surgir expressão, surgir instiga que instiga outras pessoas a fazerem o mesmo. Não só na música mas na vida, se expressarem conservando o seu jeito único de ser, com suas peculiaridades”, explica Diogo.
Assim, o artista segue produzindo seu som com o intuito de transmitir ao público que todos são capazes de fazer o que desejam, do seu jeito e no seu tempo, desde que não firam o outro. Ele conta que teve a sorte de encontrar várias pessoas nesse universo que o ensinaram isso e o acolheram: “Só faça. Faça como você pode”. Diogo permanece acreditando na cultura paraibana e em sua força social para mudar a realidade a sua volta.
“Eu espero que a cultura ganhe a importância que merece pra humanidade e que lugares como a Paraíba tenham incentivo para que jovens como eu e tantos outros possam realmente viver de música, para que mais pessoas tenham experiências culturais, de afeto, acolhimento, curiosidade e imaginação. A mensagem que eu deixo é algo que muita gente já disse pra mim e que acredito muito. Pense como você, seja você. Tenha as suas verdades, suas ideias, não tente sabotar suas peculiaridades, seu ‘jeitinho’”, finaliza o músico.
Fontes:
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2m1KtgUE8gymogKgqJAhkE
Entrevista cedida à Laura Moura em 20/08/2024