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Data de publicação do verbete: 10/04/2023

Nonato Guedes

Jornalista e escritor.                  
Data de publicação: abril 10, 2023

Naturalidade: Cajazeiras – PB

Nascimento: 14 de março de 1958

Atividade artístico-cultural: jornalista e escritor

Obras Literárias: O Jogo da Verdade – Revolução de 64 – 30 Anos Depois, Política & Poder na Paraíba (coautor) A Fala do Poder (autor)

Jornalista “de batente”, porque não estudou na universidade, mas com um currículo respeitado, que o credencia a atuar em importantes empresas de Comunicação Social do país, Nonato Guedes é paraibano natural de Cajazeiras. O primeiro emprego com carteira assinada foi aos 13 anos, na Difusora Rádio Cajazeiras, como auxiliar de recepcionista. A partir daí, ele não se afastou mais dos veículos de imprensa, pelo contrário, ficou mais íntimo, aprendeu na prática muitos dos ensinamentos que só viriam a ser transmitidos aos paraibanos bem depois, no curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba, que surgiu em 1977.

Em sua bagagem, muitas histórias da época da Ditadura Militar, da instauração da Constituição de 1988 e lições aprendidas nos percalços e conquistas de sua trajetória. A sua Carteira de Trabalho como menor de idade, é guardada por ele em seus arquivos pessoais, um registro da sua admissão pela Difusora Rádio Cajazeiras, como auxiliar de recepcionista, em 10 de março de 1971. Foi admitido pela Rádio Alto Piranhas, também de Cajazeiras, em 1972, como redator auxiliar. Em 1978, mudou-se para João Pessoa para trabalhar na Rádio Correio e no jornal Correio, que funcionavam na Rua Barão do Triunfo. Em pouco tempo, passou a assinar a coluna política de João Manoel de Carvalho como redator-substituto e mais tarde atuou como colunista político em jornais e revistas da Paraíba.

Desempenhava como sua atividade principal a de repórter-redator, incumbido pelas chefias de produzir entrevistas com figuras de repercussão. Foi convidado para ser correspondente do jornal O Estado de S. Paulo na Paraíba, tendo assinado matérias de grande interesse jornalístico. Trabalhou no Correio da Paraíba, O Norte, A União, O Momento, Rádios Correio, Tabajara e Arapuan, TV Cabo Branco (locutor-entrevistador), revistas A Carta e Bastidores, sites RepórterPB, do mano Linaldo Guedes, e, ainda atualmente, Os Guedes, pilotado pelo mano Lenilson. Foi editor em A União e Correio da Paraíba e superintendente de A União. Na Universidade Federal da Paraíba, foi redator da Reitoria, com passagens pela Assessoria de Comunicação e pela Editora Universitária. Foi vice – presidente e presidente da Associação Paraibana de Imprensa.

A escolha pelo jornalismo foi uma vocação. Nonato ajudava seu pai, na mercearia, em um bairro pobre de Cajazeiras, e quando não havia clientes, botava para funcionar uma engenhoca artesanal que servia como microfone, em que ele lia matérias e manchetes do Jornal Correio da Paraíba, que seu pai comprava duas vezes por semana. Procurava “imitar” locutores das emissoras locais, que eram seus ídolos, e com os quais veio trabalhar pouco tempo depois. Com a venda da mercearia por seu pai, passou a ficar somente focado apenas nos estudos e foi justamente o pai que o orientou a procurar trabalho, de preferência em rádio, que é o que o filho gostava. De office-boy a redator foi um passo e, na sequência, locutor-entrevistador e locutor-noticiarista.

Dois de seus irmãos também são jornalistas, formados pela Universidade Federal da Paraíba: Lenilson Guedes e Linaldo Guedes – este também, escritor e editor literário. Ambos seguiram sua vocação e Lenilson mantém, em João Pessoa, o site “Os Guedes”, com enfoque no noticiário político. A sua predileção por temas políticos existiu desde jovem quando passou a  cobrir  Executivo e Legislativo e a entrevistar  figuras de destaque da política estadual e nacional. Chegou a assessorar políticos, inclusive em Brasília, onde residiu por um tempo, mas nunca foi filiado a nenhum partido, nem disputou qualquer mandato eletivo. Sempre foi um espectador e analista dos acontecimentos. Sempre atuou politicamente de forma profissional.

Além de desempenhar várias funções no jornalismo, também é escritor, sendo co-autor de livros como “O Jogo da Verdade – Revolução de 64 – 30 Anos Depois”, “Política & Poder na Paraíba”, e autor do livro “A Fala do Poder”. Durante a época da Ditadura Militar, Foi o único repórter a divulgar, na Paraíba, na década de 70, na Rádio Alto Piranhas, de Cajazeiras, a prisão e tortura do ativista político de esquerda Edval Nunes da Silva, mais conhecido como “Cajá”, paraibano que morava no Recife e era ligado a movimentos pastorais da Arquidiocese, no período de Dom Helder Câmara. Colheu a notícia no rádio-escuta da BBC de Londres (transmissão em português). A Rádio Alto Piranhas, que pertencia à Diocese de Cajazeiras, ficou fora do ar por 48 horas e fui advertido pela direção para não reincidir na divulgação de matérias “censuradas”.

Tendo suas matérias censuradas, mas não chegou a ser preso ou molestado por agentes da repressão – exceto um empurrão de um agente de segurança quando se aproximava  do presidente Figueiredo, durante visita sua a Alagamar, na Paraíba. Outro fato marcante sobre Nonato foi que ele fez, na Estância Termal de Brejo das Freiras, a última entrevista com o deputado Alencar Furtado, do grupo autêntico do MDB, antes da cassação do seu mandato. A entrevista foi ao ar no período da tarde na Rádio Alto Piranhas e, à noite, Alencar Furtado estava cassado. Foi mera coincidência, claro. A cassação dele se devera a pronunciamentos contundentes contra o regime na tribuna da Câmara dos Deputados.

Em 2021 completou 50 anos na carreira jornalística, concedendo entrevista ao site Guedes comandado por seu irmão Lenilson Guedes, onde contou sobre toda sua trajetória e experiências vivenciadas por ele.

Jonas dos Santos

Fontes:

https://www.osguedes.com.br/2021/04/25/entrevista-com-nonato-guedes-e-muito-forte-o-sentimento-de-que-ditadura-nunca-mais/

https://jornaldaparaiba.com.br/noticias/nonato-guedes-e-um-mestre-do-jornalismo-politico/