Naturalidade: Patos – PB
Nascimento: 8 de dezembro de 1900 / Falecimento: 16 de maio de 1997
Atividades artístico-culturais: Poeta, repentista e cantador.
Principais obras: Detalhes de um Poeta; Vida, Destino e Sorte; O Silêncio e a Poesia.
Odilon Nunes de Sá foi um dos mais importantes nomes da poesia popular na Paraíba. Era impecável no seu linguajar. Seus versos são revestidos por uma atualidade constante podendo ser recitados em qualquer época.
Filho de Celso Nunes de Sá e Maria Nunes do Espírito Santo, aos 13 anos de idade, ficou órfão de pai e mãe, junto com seus cinco irmãos menores, tendo que trabalhar desde muito jovem para garantir o sustento da família. Por conta disso, não conseguiu continuar frequentando a escola. O próprio poeta contou detalhes sobre essa fase de sua vida. “Como criança de poucas condições financeiras, tive que me contentar com o quarto ano primário, cujo grau escolar representava uma grande conquista”.
Sua infância foi vivida na zona rural, onde trabalhou na agricultura. Mesmo em meio à dura rotina no campo, encontrou tempo para aprender a tocar sanfona, adquirindo excelente prática no instrumento musical. Odilon alegrava as noites do Sertão se apresentando e em troca ganhava um pouco de dinheiro. Em sua juventude, foi o maior tocador da região das Espinharas. No entanto, percebeu ao longo do tempo que o que mais o fascinava era a poesia, dom que descobriu desde criança.
Em 1936, passou a exercer as profissões de tocador e cantador. O artista se apresentava nas feiras do Sertão das Espinharas. No ano seguinte, levado pelas dificuldades da vida, foi para o interior da Bahia, por onde ficou por dois anos, trabalhando com sua arte para conseguir se manter. Foi nessa época que Odilon Nunes se firmou como poeta dos versos cantados, tendo aceitado um desafio com Manoel Campina, que era na época o melhor poeta da Paraíba.
No ano de 1939, Odilon estava de volta ao Sertão das Espinharas, onde em 9 de novembro do mesmo ano, se casou com Maria Camboim Nunes de Sá, com quem teve onze filhos: Natividade, Luís, Conceição, Celso, Moisés, Raimundo, Socorro, Fátima, Terezinha, Arimatéia e Geraldo, que faleceu quando ainda era criança.
Em busca do sucesso, o poeta fez apresentações em várias capitais brasileiras, entre elas João Pessoa, Natal, Curitiba, Fortaleza, Belém, Salvador e São Paulo, onde também participou de diversos congressos de violeiros e festivais de poesia popular.
Em 1954, se apresentou em um festival junino realizado na sede social do Náutico Esporte Clube, em Recife, oportunidade em que foi aplaudido de pé por todos da plateia, ao declamar algumas de suas belas composições.
Em sintonia com tudo que era relacionado à poesia popular, Odilon esteve presente em diversos eventos festivos do gênero, além de participar de programas nas Rádios Tabajara, em João Pessoa; Borborema, em Campina Grande; e Espinharas, de Patos.
Retornou para a Bahia em 1960, onde cantou em várias cidades do estado. Ingressou na vida pública sendo eleito vereador do município de Santa Terezinha, na Paraíba, dando significativa contribuição à cidade.
Odilon Nunes de Sá faleceu em Patos, onde residia desde 1980. Com sua morte, “a Paraíba perdeu um ídolo da poesia”, conforme afirmou em versos o também poeta Edísio Soares Pequeno, bisneto do famoso poeta Romano de Mãe-D’Água.
Sua produção poética é extensa e valiosa, formada por inúmeros folhetos de cordéis e livros. Em 1995, o escritor e advogado cearense Solano Mota Alexandrino reuniu no volume “Grandes Momentos de Odilon Nunes de Sá”, alguns poemas desse mestre dos versos. A obra, que se constitui num resumo de todos os outros livros e folhetos escritos por Odilon, é uma preciosa antologia do autor.
Em 1999, no Grande Encontro de Poetas e Repentistas, realizado em João Pessoa, de 30 de abril a 1º de maio, Odilon Nunes de Sá foi um dos homenageados e grande parte de sua produção poética foi inserida nos anais do evento, que teve como coordenador o poeta José de Sousa Dantas.
Dotado de uma inteligência fértil, a grandeza de suas obras permanecem intactas, aguardando algum estudioso que valorize o que foi produzido pelo repentista. Apaixonado pela arte de rimar, suas últimas produções foram reunidas no livro “A Pátria, o Livro e a Espada’, organizado por seus familiares.
Odilon era mestre na arte de brincar com as palavras e improvisar, tinha uma inspiração e criatividade inesgotável que lhe dava o dom de fazer rimas sobre os mais variados temas, se tornando um dos principais nomes da cantoria nordestina.
O “Seu Odilon”, como era popularmente conhecido, mostrou que o poeta repentista pode ser, além disso, ator, religioso, cientista, profeta, professor, enfim, de tudo um pouco, sem frequentar qualquer escola ou universidade.
Melhor Idade
Acho graça a mocidade
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.
(Odilon Nunes de Sá)
Sonhei que estava acordado; acordei, estava dormindo
Sonhei que estava acordado;
Acordei, tinha dormido.
Sonhei que tinha caído;
Acordei, estava andando.
Sonhei que estava chorando,
Acordei, estava sorrindo.
Sonhei que estava saindo;
Acordei, tinha chegado.
Sonhei que estava acordado;
Acordei, estava dormindo.
(Odilon Nunes de Sá)
Fontes:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=6024&cat=Cordel
http://construindoahistoriahoje.blogspot.com.br/2010/09/odilon-nunes-de-sa.html?m=1
Uma resposta
A Paraíba e as cidades de Patos e Santa Terezinha têm muito a se orgulhar por ter sido berço do poeta/repentista Odilon Nunes de Sá! Gostaria de obter informações adicionais sobre duas obras primas do Odilon. Qual a data (ou ano) que cada uma delas foi criada. Falo de “Melhor idade” e ” sonhei que estava acordado”. Se ele compôs sozinho.
Obrigado, Parabéns pela reportagem!