Pesquisa e texto: Maria Clara Marques
Nascimento: Rio de Janeiro, RJ (1948) // Falecimento: João Pessoa, PB (13 de dezembro de 1984, aos 36 anos)
Estado Civil: Casado com Maria Taciana Melo Brandão Cavalcanti
Filhos: Paulo Brandão Cavalcanti Neto e Maria Tereza Melo Brandão Cavalcanti
Formação: Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Profissão: Diretor-presidente do Sistema Correio de Comunicação
Paulo Brandão Cavalcanti Filho foi diretor-presidente do Sistema Correio de Comunicação, que incluía o jornal Correio da Paraíba e estava radicado em João Pessoa. Reconhecido por seu empreendedorismo e inteligência, destacava-se pela produção de artigos sobre economia e mercado financeiro, além de sua liderança no jornalismo investigativo.
Paulo começou sua carreira ainda jovem, unindo o gosto pela leitura e sua formação jurídica a uma habilidade natural para os negócios. No Sistema Correio, liderou a publicação de denúncias importantes, como irregularidades em licitações públicas e casos de corrupção na Paraíba.
Em 13 de dezembro de 1984, Paulo Brandão foi brutalmente assassinado em uma emboscada no Distrito Industrial de João Pessoa, quando saía da fábrica Polyutil, pertencente à sua família. Ele foi alvejado por 34 tiros de metralhadora e pistola enquanto dirigia seu carro. Três homens encapuzados aguardavam-no em tocaia.
As investigações apontaram que o crime foi motivado pelas denúncias publicadas no jornal Correio da Paraíba, que incomodaram autoridades da época. Entre os casos denunciados estavam: Superfaturamento na compra de caçambas pela Prefeitura de João Pessoa, Irregularidades em licitações do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), O escândalo dos hotéis, envolvendo a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur).
Na época do crime, o Brasil vivia os últimos anos da ditadura militar, e as investigações iniciais foram marcadas por dificuldades e tentativas de encobrir o caso. Somente após a redemocratização e a intervenção do ministro da Justiça, Fernando Lyra, as investigações avançaram.
A Polícia Federal apontou o coronel José Geraldo Soares de Alencar, então chefe do Gabinete Militar do Governo do Estado, como autor intelectual do crime. Ele foi condenado a 20 anos de prisão, mas beneficiado por um indulto em 2008. Outros envolvidos foram identificados: Sargento Manoel Celestino da Silva (23 anos de reclusão), Subtenente Edilson Tibúrcio de Andrade (15 anos de reclusão), Cabo José Alves de Almeida (“Cabo Teixeira”), que esteve foragido até 2010.
A participação do governador da Paraíba na época, Wilson Braga, foi mencionada, mas ele não foi denunciado devido à imunidade parlamentar, e a pena prescreveu.
A morte de Paulo Brandão foi um marco trágico na história do jornalismo paraibano, simbolizando a luta pela liberdade de imprensa e pela justiça em um período de repressão. Seu funeral mobilizou a sociedade e a redação do Correio da Paraíba tornou-se um símbolo de resistência diante das ameaças.
Seu assassinato gerou repercussão nacional, sendo lembrado como um clamor por justiça e um exemplo do alto custo da coragem no jornalismo investigativo. Até hoje, Paulo Brandão é lembrado como um defensor da verdade, da transparência e do compromisso social.
Fontes:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc020310.htm