Município: Ingá – PB
Distancia de João Pessoa: 109 km
Vias de acesso: BR 230 e PB 090
A Pedra do Ingá é um monumento arqueológico, identificado como “Itacoatiara” que vem da língua tupi: Itá (“pedra”) e Kûatiara (“riscada” ou “pintada”). Constituída por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres entalhadas na rocha. De acordo com a tradição, quando os índios potiguaras que habitavam a região foram indagados pelos colonizadores europeus sobre o que significavam os sinais inscritos na rocha, usaram esse termo para se referir aos mesmos.
Esta formação rochosa em gnaisse cobre uma área de cerca de 250 m². No seu conjunto principal, um paredão vertical de 50 metros de comprimento por 3 metros de altura, e nas áreas adjacentes, há inúmeras inscrições cujos significados ainda são desconhecidos. Neste conjunto estão entalhadas figuras diversas, que sugerem que há representação de animais, frutas, humanos e até constelações, como a Órion.
No local há um prédio de apoio aos visitantes com banheiros, e as instalações de um museu de História Natural, com vários fósseis e utensílios líticos encontrados na região onde hoje fica a cidade. O Sítio Arqueológico está numa área outrora privada, que foi doada ao Governo Federal do Brasil, e posteriormente tombada como Monumento Nacional pelo extinto Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) no dia 30 de novembro de 1944.
As inscrições da Pedra do Ingá possui um conjunto de desenhos e símbolos perfeitamente entalhados e polidos sobre a resistente rocha. Não se sabe o significado da obra ou quem foram seus criadores, embora muitos pesquisadores não acreditem que seja algum tipo de escrita, embora possa haver alguma mensagem. Outros, por sua vez, veem alguma semelhança das mensagens com a escrita usada em povos do Oriente Médio há 18.000 anos, a língua hitita, mas não há indícios relevantes que apontem para uma semelhança com outra escrita de outros povos, o que torna a sua excepcionalidade ainda mais intrigante.
Naturalmente, várias teorias surgiram para explicar a origem da obra, e vão desde que os fenícios ou mesmo sumérios aportaram no Brasil e deixaram registros até mesmo seres extraterrestres que habitam o planeta na Antiguidade.
A Pedra do Ingá é geralmente associada ao seu famoso paredão vertical, mas todo o conjunto rochoso apresenta inscrições rupestres de grande diversidade, tanto em forma quanto em técnica de gravação. Para fins de estudo e classificação, os pesquisadores Thomas Bruno Oliveira e Vanderley de Brito denominaram essas diferentes áreas de painéis, facilitando a referência e a análise científica.
Painel Vertical
Este é o segmento mais conhecido e estudado do conjunto. Possui cerca de 46 metros de extensão por 3,8 metros de altura. Aproximadamente 15 metros desse espaço apresentam uma concentração notável de inscrições, situadas majoritariamente abaixo de uma linha horizontal levemente ondulada, formada por 112 incisões em forma de cápsula. Essas marcas se destacam pela qualidade do acabamento, com sulcos que chegam a 5 cm de largura e 8 mm de profundidade, além de serem bem polidos.
Painel Inferior
Localizado sobre o piso rochoso à frente do painel vertical, este painel cobre uma área de cerca de 2,5 m². Apresenta inscrições em forma de círculos com linhas irradiantes, lembrando estrelas. Segundo os pesquisadores citados e o estudioso Dennis Mota, essas representações poderiam corresponder às constelações de Órion ou das Plêiades, visíveis no céu noturno da região.
Painel Superior
Posicionado acima do painel vertical, no topo da rocha, a aproximadamente 3,8 metros de altura, esse painel contém gravuras mais dispersas, de execução menos refinada. A figura mais notável nesse setor é uma espiral atravessada por uma seta que aponta para o poente.
Inscrições Marginais
Espalhadas por toda a área do conjunto, essas inscrições se destacam por sua aparência mais rudimentar. Muitas foram apenas raspadas na superfície da rocha. A origem e função dessas marcas mais simples ainda são debatidas. Vanderley de Brito sugere que podem ter sido feitas por culturas anteriores àquelas que produziram os painéis principais, enquanto Dennis Mota propõe que teriam servido como esboços ou testes prévios.
Apesar de inúmeras teorias, a autoria e o propósito das inscrições da Pedra do Ingá permanecem desconhecidos. Uma das hipóteses mais antigas, defendida pelo padre Inácio Rolim no século XIX, propõe uma origem fenícia, baseada em semelhanças entre os símbolos da rocha e caracteres daquela escrita. Essa ideia foi também desenvolvida por Fernanda Palmeira, que no início do século XX investigou possíveis traços fenícios no Nordeste brasileiro, inclusive publicando o livro História Antiga do Brasil, onde associava os grafismos de Ingá tanto à escrita fenícia quanto à demótica egípcia.
Entretanto, não há comprovação definitiva sobre a origem das inscrições. Para estudiosos como Dennis Mota e Vanderley de Brito, é provável que tenham sido feitas há cerca de 6.000 anos, por grupos seminômades que utilizaram ferramentas de pedra, como cinzéis, para esculpir os sinais ao longo de várias gerações.
Em 1996, pesquisadores da Universidade de Lyon (França), em colaboração com a Universidade Federal de Pernambuco e o Departamento de Física da Universidade Federal da Paraíba, realizaram a moldagem das inscrições. Contudo, técnicas de datação por carbono-14 não são viáveis, pois o local está situado em uma várzea do rio Bacamarte e sofre inundações periódicas, que revolvem o solo e desgastam as camadas superficiais das rochas.
Uma das hipóteses mais fascinantes sobre a Pedra do Ingá está ligada à arqueoastronomia. O engenheiro espanhol Francisco Pavía Alemany iniciou, em 1976, um estudo matemático do monumento, com resultados preliminares publicados em 1986 pelo Instituto de Arqueologia Brasileira. Ele identificou no painel vertical um possível calendário solar, composto por marcas em forma de cápsulas e outras figuras, dispostas de maneira que, com o uso de um gnomon, projetariam a sombra dos primeiros raios solares ao longo do ano.
Posteriormente, Pavía também estudou o piso do lajedo, onde se concentram formas estelares que podem representar constelações. A presença tanto dessas marcas estelares quanto das cápsulas relacionadas ao movimento solar confere ao conjunto uma importância excepcional no campo da arqueoastronomia.
Em 2006, o egiptólogo e arqueoastrônomo José Lull organizou a publicação do livro Trabajos de arqueoastronomía: ejemplos de África, América, Europa y Oceanía, reunindo artigos de especialistas renomados. Entre os textos está o estudo “El Conjunto arqueoastronômico de Ingá”, que reforça o valor único do monumento como registro arqueoastronômico, sem paralelo no mundo.
Muitos populares dizem que haveria um tesouro escondido dentro da pedra. Ufólogos afirmam que as imagens foram esculpidas por extraterrestres através de raio laser.
Outra teoria diz que as gravações na pedra foram feitas por povos fenícios ou povos de continentes submersos, que teriam ido parar acidentalmente na Paraíba. Alguns pesquisadores veem semelhanças entre as imagens do Ingá e os desenhos encontrados na Ilha de Páscoa.
Há quem diga, ainda, que as inscrições se relacionam ao mito de Sumé, nome dado ao apóstolo Tomé que, segundo a lenda, teria passado pelo Brasil e deixado marcas de suas pegadas nas rochas. Alguns arqueólogos defendem essa versão, dizendo que, na verdade, o apóstolo era um evangelizador que teria registrado na pedra um tratado cosmogônico.
A única certeza que se tem a respeito do lugar é que ele é um grande tesouro arqueológico a ser preservado e um prato cheio para a arte e o imaginário popular.
Fontes:
http://pedradoinga.blogspot.com.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_do_Ing%C3%A1
http://noitesinistra.blogspot.com.br/2013/09/as-misteriosas-inscricoes-da-pedra-de.html#.Vif0g9KrRkg
*Atualizado por Sandra da Costa Vasconcelos