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Data de publicação do verbete: 08/11/2020

Penha Cirandeira

Mestra de Ciranda e Coco de Roda.
Data de publicação: novembro 8, 2020

Naturalidade: Goiana-PE/Radicada na Paraíba

Atividades artístico-culturais: Mestra de Ciranda e Coco de Roda

Instagram: https://www.instagram.com/mestrapenha/ 

Maria da Penha Anjos do Nascimento, conhecida popularmente como Penha Cirandeira, é filha de José Francisco e Maria Eunice, nasceu em Megaó sitío de Goiana-PE e já morou em Sapé, foi para João Pessoa por volta dos anos 2000, onde transitou na periferia da cidade e pelos municípios vizinhos buscando formas de sobrevivência diferentes daquela em que tem maestria (Ciranda e Coco de Roda).

O pai de Penha a ensinou a brincar ciranda faceira, a ciranda rebumbar (ciranda mais rápida) ela aprendeu sozinha, “ele tinha orgulho do meu rebumbar”, disse Penha.

“Minha mãe não tocava tambor, mas dançava muito. Dançar era com ela mesmo, ela pescava aqui em Várzea Nova (Santa Rita-PB), e me ensinou a pegar unha de véi, sururu, marisco, mas sempre brincando ciranda com meu pai…”, lembra a cirandeira sobre a sua infância. 

No documentário “Catando lixo ou cantando ciranda” de Romério Zeferino, 2005, é retratada a história da Mestra, mostrando que Penha morou em um lixão e muitas vezes teve que se alimentar de restos de comidas encontrados no lixo. Ela fala sobre sua vida difícil como catadora de latinhas, cortadora de cana, vendedora de milho, mas também demonstra ser uma exímia conhecedora da pesca na maré/mangue.

Penha começou a brincar coco e ciranda com seu pai, José Francisco, e logo encantou a todos ao cantar e tocar magistralmente zabumba nas brincadeiras que estava presente. Chegou a gravar pelo selo “Raízes da Alma”, o CD “Ciranda Raio de Sol” de Penha Cirandeira, uma organização do músico Adeildo Vieira e o professor Carmélio Reynaldo, em 2008.

“Toda essa história de vida é traduzida na crueza da sua voz, como uma foice cega capaz de cortar a cana que faz o melhor mel. Foice feita de aço que não quebra. A voz de Penha ecoa nos ouvidos da nossa existência nordestina. Uma existência bailada no coco de roda”, disse Adeildo Vieira.

De acordo com informações, Penha esteve trabalhando como catadora de reciclagem em Santa Rita-PB. Após esse período, em 2010, a Mestra de Ciranda e Coco de Roda esteve desaparecida da cena paraibana durante 10 anos. Em rodas de conversa, grupos de artistas e ativistas, começaram se perguntar onde estaria Penha Cirandeira. 

O Grupo de Estudos Coco de Roda Acauã e Coletivo Jaraguá, que muito apoiaram o trabalho de Penha entre os anos de 2009 e 2010, declararam em postagem via Instagram, “Penha brincou durante anos com o grande mestre Ciço, morador de Várzea Nova (Santa Rita), sendo lá, o local em que nós, do Grupo de Estudos Coco de Roda Acauã, tivemos a informação de que ela poderia ter ido embora da Paraíba para trabalhar no Rio de Janeiro. É de uma revolta gigantesca ver que Mestras como Penha não possam sobreviver da sua arte na Paraíba, tendo que passar pela pobreza, chegando ao nível de submeter-se a ir embora do seu estado natal para tentar a vida em outros lugares”.

 Em Junho de 2020, foi iniciada uma campanha nas redes sociais para descobrir o paradeiro da Mestra. Enfim, Penha foi localizada cheia de energia para brincar e desde que a mestra foi encontrada, formou-se uma rede de apoio à ela, uma das ações é a campanha para sua aprovação na lei Rema/Canhoto da Paraíba. Penha representa patrimônio vivo e merece ser reconhecida.

Através de lives transmitidas no canal do YouTube do Saberes em Roda, foi feita a vakinha “Roda Chapéu pro Coco!”,  buscando valorizar os saberes compartilhados por Mestras e Mestres como Penha.

Apesar de todas essas dificuldades, Penha nunca deixou de amar o coco de roda e a ciranda, talvez seu único refúgio de uma realidade tão dura e naquela esperança de que um dia as coisas melhorem.

Israela Ramos

Fonte: 

https://www.brasildefatopb.com.br/2020/06/25/movimento-cultural-questiona-onde-esta-penha-cirandeira 

 

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