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Data de publicação do verbete: 25/08/2019

Poeta Nelsão

Para o Poeta Nelsão, a poesia está em todas as pessoas e em todos os lugares.
Data de publicação: agosto 25, 2019

Naturalidade: Princesa Isabel – PB

Nascimento: 27 de maio de 1962

Atividades artístico- culturais: Poeta

Facebook: https://www.facebook.com/nelsao.barbosa

Nelson Barbosa de Araújo, mais conhecido como Poeta Nelsão, nasceu no dia 27 de maio de 1962 na cidade de Princesa Isabel- PB, vindo de uma família com influências artísticas, seu tio era poeta e datilógrafo, e seu irmão, um poeta, violinista e compositor. E como o povo da região não tinha afinidade com a poesia, muitos o julgavam doido. Nelson conta que o seu primeiro ato de loucura, que acharam, foi quando ele menininho, contando história pros adultos, escalou a calçada, escalou a mãe e estendeu o candeeiro para acender a lua cheia lá em cima. Disseram que era doido. Outro dia ele ia passando pra casa da tia dele, e num tanque cheio de água viu o céu refletido, ficou com medo do céu cair ali dentro e saiu correndo, acharam que era doido. Outro dia, conversando sozinho, disseram que era doido. Mas ele não conversava sozinho, conversa com personagens imaginários, que lhe contavam coisas.

Um dia ele com fome, foi a um homem pra conseguir farinha pra fazer um pirão para sua família, o seu Zé Pinto não dava um grão para ninguém, então Nelson fez um verso, chegou na casa dele e disse:

Seu Zé Pinto eu vim aqui

Um minuto de atenção

Porque tempo é rei, é pressa

Se não tiver utilizão

Um litro de farinha pra gente fazer pirão

O homem gostou tanto que chorou, deu o dinheiro e mandou o seu pai o colocar nos estudos, para Nelson, aquilo foi a sua salvação. Ele começou a fazer poemas de cordel e disseram que não tinha futuro fazer poesias de cordel, então seu Nelsão decidiu estudar letras, pra saber qual era a “poesia de futuro”, então foi quando viu que a academia lhe abriria portas para a literatura, e  decidiu nunca mais deixar a poesia, nem a universidade.

Ele trabalhava no interior para ajudar a família, fez vestibular em Arco Verde, em Pernambuco, e ia uma semana sim e outra não. Lá foi uma universidade de poesia para ele, fez muita amizade, e os amigos de física e química e o chamavam pra fazer poesia, então, em 89, foi pra UFPB, e se apaixonou pela universidade, fez outro vestibular e passou para letras novamente, mas não trouxe nenhuma cadeira de seu curso antigo, recomeçou do zero, fez toda graduação e se enveredou pelo cordel.

Sua professora apareceu com um trabalho sobre Leandro Gomes de Barros, ele estudou linguística, analisando os textos se tornou muito mais afinado, fez especialização ainda nessa área e fez um mestrado sobre um olhar semiótico da Guerra de Princesa Isabel, em 1930, aí o mestrado foi pouco para esse assunto, enxergou na literatura popular nordestina uma ponte com a península ibérica da idade média, e esse foi o tema de seu doutorado em Portugal, o projeto foi muito bem recebido e ele foi convidado para lecionar na Universidade do Porto.

A maioria de seus trabalhos são acadêmicos e estão disponíveis on-line, assim como suas teses e dissertações. Publicou também um livro de história: A caipora e o Fim do Mundo, é um texto inverso e que será seu pós-doutorado, a caipora é um pseudônimo da comadre florzinha, uma figura folclórica defende as matas, o cordel da história já está escrito e ele também pretende transformar em peça de teatro, apresentada por fantoches, como uma forma de educação ambiental e também deseja criar um bloco de carnaval chamado “Bloco da Caipora”. Tem um artigo publicado sobre o poeta Cancão, onde analisa suas interdisciplinaridades. É um estudioso do poeta Zé da Luz, tem um artigo sobre a memória e produção cultural do poeta.

Agora está trabalhando num livro que ele chamou de “As ideias de Kitruski”, que é um personagem do interior que se confronta com o meio moderno. O poeta Nelsão diz que tem vários livros para publicar, todos guardados num baú na sua casa. E muitas de suas ideias são sobre trazer este confronto entre o sertanejo e a cidade grande, o moderno e o antigo, além de buscar reviver poetas que tratavam do preconceito e violência, para evocar o questionamento dos leitores.

Entre outros projetos, Nelsão participa da banda Tambores da Lua há 4 anos.

Para o Poeta Nelsão, a poesia está em todas as pessoas e em todos os lugares, e quando ele era chamado de doido quando criança, é quando sua poesia mais se sobressaltava, a loucura é a poesia das pessoas.

 

Entrevista do portal Paraíba Criativa com Nelson Barbosa por Denis Teixeira.

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