Laura Moura
Abrindo as cortinas do show, o Coletivo Porta Adentro estreia seu mais novo espetáculo, “A Ver Só”, amanhã (16), às 16h, na Casa da Pólvora, no Festival Centro em Cena. Íntima e introspectiva, a apresentação aborda questões voltadas ao eu, como ser político-social, com reflexões sobre ato de “desnudamento” e a entrega ao amor. Com uma equipe dividida em atores, músicos, produção e muitos outros, o show é gratuito e busca remexer o mais profundo dos corações com suas cenas.
Formado em 2019, o Coletivo Porta Adentro foi criado por estudantes de Teatro da UFPB com o intuito de desenvolver um espaço plural para a produção de arte. Para o grupo, apesar da dimensão da cultura pessoense, ainda há uma grande dificuldade para a inserção nesse meio, que por vezes se limita a agentes mais tradicionais na cena cultural do estado. Para além dessas novas oportunidades artísticas, o coletivo ainda procura romper com o estigma de que artista só é aquele que tem um diploma, estendendo esse termo para fora dos muros das universidades.
Marcado por uma nova geração artística, o coletivo é dividido em diversas funções, com cada integrante ocupando um papel essencial para a realização da obra. O elenco da peça é formado por 5 pessoas: Bruno Constantino, Olivia Almeida, Rute Prazim, Thiago Reimberg e Wedna Tânia. Além disso, com música de Elon e instrumentais de Olivia Almeida, o show promove uma explosão de emoções. A equipe ainda conta com Iago Andrade (assistência de produção), Akayu (artes visuais) e adereços cênicos do Laboratório Permanente de Figurinos – LAPEFI.
Sem ideias sobre o que seria o espetáculo, os membros decidiram falar daquilo que vivenciam todos os dias, que tem tanto o poder de curar quanto de destruir o mais forte dos corações: o amor. Inspirados nas correspondências e poesias de Anayde Beiriz e ainda na obra de Valeska Aspora, “A Última Confidência”, o grupo reflete sobre os limites do amor e do permitir-se amar, não focando na triste tragédia da artista, mas sim em sua essência poética como símbolo tanto feminista quanto afetivo. Com muita poesia, gritos e até silêncios, o espetáculo passeia pelas complexidades do “amar” espalhando um pouco das experiências de cada participante e ressaltando a importância de falar sobre isso.
“A gente viu e está vendo o quanto as coisas estão mudando rapidamente, inclusive o amor. A gente vê os nossos avós, os nossos pais… alguns amores que duravam vários anos e anos de casamento não era nada problematizado antigamente não era nada discutido e a gente vê que hoje em dia não é tanto assim, conseguimos vislumbrar várias outras situações e contrastes do amor, por isso que é importante falar sobre amor líquido, sobre os amores que vão, que vem, os amores que nem vêm, os amores só idealizados”, comenta Bruno Constantino, artista e membro do coletivo.
Com espetáculo aberto para o público, o coletivo espera alcançar diversas pessoas, especialmente aquelas que não costumam ir ao teatro, como forma de apresentar para elas um novo lado artístico. Com apoio da Prefeitura Municipal e da Fundação Cultural de João Pessoa – FUNJOPE, o espetáculo é realizado pelo Festival Centro em Cena, que busca visibilizar o centro e a cultura da cidade, assim, a equipe se dedica para compartilhar um pouco das suas visões de mundo e trabalhos, sempre focando também na novos experiências, trocas e aprendizados.
O Coletivo Porta Adentro publicou um episódio no spotify, “‘A Ver Só’ – Por Trás do Espetáculo”, comentando um pouco mais sobre a apresentação, suas inspirações e significâncias. Além disso, para matar um pouco da curiosidade mas, claro, sem spoilers, confira o trailer da apresentação logo abaixo!