Amanda Vasconcelos
A Paraíba sediou pela primeira vez a Expo Favela Innovation, ação que conecta asfalto e favela através do empreendedorismo e da inovação. O evento aconteceu nos dias 22 a 24 de setembro no Espaço Cultural, em João Pessoa e ofereceu palestras, rodadas de negócios, shows, pitches, conferências, mentorias, debates, cursos, shows, filmes e desfiles.
Participaram deste evento empreendedores de favela, periferia ou comunidade que desejaram mostrar seu trabalho. Sendo uma feira de negócios que traz visibilidade aos empreendedores e startups da favela, comunidade, quilombo ou comunidades originárias, a Expo Favela Innovation Paraíba é uma oportunidade de destacar as produções e inovações da economia criativa.
A etapa paraibana foi encerrada com 10 empreendimentos selecionados para a etapa nacional que acontece em São Paulo nos dias 01 a 03 de dezembro. Os finalistas terão as passagens e hospedagens cobertas pelo evento. Dentre os 10 que chegaram à final estão o Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, um empreendimento que trabalha com artes exclusivas; Doces Tambaba, mulheres empreendedoras que vendem produtos locais e regionais e as Sereias da Penha, especialistas em biojoias, crochê em fios de cobre e luminárias ecológicas.
Além dos empreendimentos Um Mói, que trabalha com roupas de produção independente e agênero; Corp.Ori, que junta profissionais negros das áreas da saúde e práticas integrativas; Cerâmica Tabajara, Giorggio Abrantes, que montou uma fábrica de ideias criativas e ecológicas; Store My moon, que promove uma costura afetiva simples; Orixás Da Lu, que produz arte Orixá e as Garças do Sanhauá, que fomentam as atividades culturais do território ribeirinho do Porto Capim.
Hoje, a maior ação das Garças do Sanhauá é o projeto de turismo de base comunitária ‘Vivenciando o Porto do Capim’. Ele tem o intuito de incluir e apresentar o cotidiano dos moradores e a cultura de um povo tradicional e ribeirinho.
As integrantes Rayssa Holanda e Sara Joelma contam que foi bastante desafiador estar na Expo Favela, pois elas só fizeram a inscrição no finalzinho do prazo e não sabiam se iam ter condições de expor devido às dificuldades que enfrentam no cotidiano, mas conseguiram e hoje contam sua narrativa.
“É muito importante mostrar nossa narrativa para pessoas que não conheciam o território Ribeirinho do Porto do Capim e ficar entre os 10 finalistas é a chancela de que deu certo. É uma injeção de esperança e reconhecimento do trabalho que realizamos por anos. Isso nos deixa felizes e empolgadas”, contam Rayssa Holanda e Sara Joelma.
“Foi o misto de emoções de felicidade, nervosismo, choro e passou um filme na nossa cabeça de toda a trajetória e todos os desafios. Hoje nós nos sentimos orgulhosas de termos chegado até aqui”, concluem as integrantes.
Com uma população de quase 18 milhões de pessoas, as favelas brasileiras movimentam mais de R$ 202 bilhões por ano. Segundo a Data Favela, 90% dos moradores desses territórios já empreenderam a fim de movimentar sua renda. Estes números mostram o grande potencial de produção de riqueza da favela e como a população negra pode e deve ser protagonista desta construção.