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Há histórias por detrás dos Cordéis

Thatyesly Souza

Folheto, literatura popular, verso ou simplesmente cordel, é assim que é conhecida essa forma literária que rima histórias contadas em pequenas estrofes. No Brasil, é mais popular na região nordeste onde teve as suas primeiras aparições, se tornou famosa como literatura em cordel por sua forma de exposição. Esses folhetos inicialmente eram vendidos pendurados em cordas, onde eram fixados com pregadores de roupa, e assim eles ficavam estendidos em vários barbantes nas feiras populares.

Muitos acreditam que a literatura de cordel foi criada em Portugal por ser muito parecida com outro movimento artístico chamado Trovadorismo, que foi um movimento poético que surgiu na Idade Média no século XI. Considerado primeiro movimento literário da língua portuguesa dele surgiram as primeiras manifestações literárias, que eram cantigas rimadas tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer. Mas apesar de parecer muito com o gênero trovadorismo, o cordel como nós conhecemos, surgiu no nordeste.

Tradicionalmente, os cordéis são publicados em um formato de bolso que varia entre 11 x 15 cm e 13,5 x 18 cm, podendo conter 8, 16, 32 ou 64 páginas. Com a evolução da tecnologia e criação dos computadores e impressoras jato de tinta e fotocopiadoras, muitos cordéis passaram a ser publicados em folhas de papel off-set, com livretos medindo 1/4 do A4,esses cordéis recebem o nome de “xerocordéis”.

É com um artista dessa nova forma de se produzir cordéis, que nós conversamos. Robson Pereira, mais conhecido como Robson Jampa, é um cordelista popular de João Pessoa que vende suas histórias dentro dos coletivos da capital. Em entrevista ele nos explicou um pouco sobre a história da literatura de cordel aqui no Nordeste.

“A literatura de cordel vem do interior da Paraíba, a mais de cem anos atrás. Ela foi criada na Paraíba pelo pai da literatura de cordel, Leandro Gomes de Barros, natural da cidade de pombal. Muitas pessoas acreditam que a forma de contar as histórias veio da Europa, mas a essência do cordel mesmo é nordestina. Assim foram criados esses livretos pequenos que antigamente era feito de papel jornal e na época era muito difícil de fazer. Leandro Gomes criou essa arte e foi um sucesso na época, ele viveu, constituiu família e patrimônios só com a venda de cordéis.” 

https://www.instagram.com/p/B2O4ly8A8Fa/

Nascido e criado em João Pessoa, Robson nos conta que a paixão pelo cordel foi algo herdado de família. “Quando eu era criança, meus avós tinham vários cordéis guardados em umas gavetas no quarto da minha tia, eram gavetas cheias de cordel, vários antigos. Hoje em dia só sobraram dois desses cordéis, um de 1938 e outro dos anos 90 de João Grilo”. Atualmente o cordelista vende suas histórias nos ônibus de João pessoa e de acordo com ele são vendidos uma média de 2.000 folhetos por mês dentro dos coletivos, quando perguntamos por que distribuir as histórias assim, ele nos contou que encara os ônibus como grandes vitrines, que permite acesso entre suas histórias e centenas de pessoenses. Além de vender nos ônibus, Robson também dar palestras, e lê os cordéis para crianças de escolas fundamentais. 

De acordo com o cordelista, ele se inspira em várias coisas do cotidiano, mas o que ele mais gosta de contar são histórias que relatam lendas urbanas e histórias de figuras paraibanas, como é o caso do cordel sobre Jackson do Pandeiro que nesse ano foi homenageado, além de Luiz Gonzaga, Lampião entre outros.

“Além de personalidades paraibanas gosto de falar também de lendas como a perna cabeluda e também crio histórias bacanas que todo mundo conhece, uma das minhas publicações é a lenda dos gatos da UFPB, que é a história de que cada aluno que entra aqui e não consegue se formar é jubilado(expulso) e acaba virando um gato que fica vagando pelo campus.” Afirmou Robson.

Com contos históricos e lendas populares, assim nossa arte vive e é contada para o mundo. E para encerrar uma rima vou falar. Obrigado por acompanhar essa reportagem que dá gosto de olhar. Sou uma jovem jornalista e espero que você tenha gostado, só queria retratar um pouquinho do meu cordel amado.

 

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