Por Jaqueline Rodrigues
Jamila Facury dá vida a Anayde Beiriz. Fotografia: Ed Lemos Akatoy
Anayde Beiriz, figura paraibana, foi professora, escritora e poetisa. Ela é lembrada como uma mulher que foi à frente do seu tempo, principalmente na literatura, onde mostrou o seu maior empenho e ideias postas. Com isso, em breve haverá um curta-metragem onde serão relatados alguns dos acontecimentos de sua vida. As gravações ocorreram durante quatro dias, no Hotel Globo, no Centro Histórico em João Pessoa.
A responsável pelo roteiro e direção do filme, é Saskia Lemos, cineasta, formada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal da Paraíba. Segundo a entrevistada, o seu roteiro adaptado para o curta-metragem veio através de conversas com suas amigas e de uma peça feita sobre a história da personagem.
A partir daí, ela afirma sobre o interesse de produzir um produto audiovisual, unindo a ideia ao seu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) e foi através de pesquisas para o seu TCC que ela conseguiu colocar à frente o projeto.
“Eu comecei a pensar em projetos e acabou que combinou que eu estava perto do meu trabalho de conclusão de curso, resolvi fazer um roteiro de um longa-metragem sobre ela, entrei no processo de pesquisar, de fazer levantamento histórico, planejamento, levantar esse roteiro, estruturá-lo para a minha conclusão de curso. Nisso, eu fiz o meu primeiro roteiro e participei de alguns laboratórios aqui em João Pessoa com o projeto de Anayde. Eu fui semifinalista de um festival de roteiro, chamado Cabíria, com roteiros só de mulheres e a partir daí, eu continuei com o projeto, revisitando, pensando essa oportunidade da Lei Aldir Blanc que possibilitou a realização por meio do curta-metragem” , diz Saskia Lemos.
Além da oportunidade do edital estadual pela Lei Aldir Blanc, ela relata sobre as adaptações que teve de fazer em seu roteiro, já que se tratava de um longa-metragem. No qual, houve o recorte, a mudança da linguagem para um curta-metragem, assim como a questão de não poder se aprofundar em algo tão histórico. Por isso, o curta possui um fundo lírico, metafórico e experimental para que as pessoas que não conhecem a história de Anayde, possam conhecê-la.
Escolha dos personagens
Devido a pandemia da covid-19, os modos de escolha e preparo tiveram de se adaptar ao momento, a convidada afirma que houveram diversos tipos de tratamentos, entre eles: sala de roteiro, conversas pela equipe, revisão de orçamento e a questão sanitária da pandemia.
Ela explica que por ser um filme histórico e caro, a escolha do número de personagens é reduzida, deixando apenas os mais emblemáticos, como Maria Augusta interpretada por Norma Góes e João Dantas vivido por Vitor Blam e por fim, a atriz Jamila Facury interpretando Anayde Beiriz. Além disso, para a escolha dos personagens foi realizada uma seleção de elenco com testes, de forma remota. Porém, para a decisão, ela relata que se deixou levar pelas sensações, pelo curta-metragem fazer com que haja o lugar do sentir, do lírico. Já a Jamila Facury, esteve desde o início inserida para interpretar Anayde Beiriz, devido a troca que a atriz e diretora do filme continham do projeto, no período da universidade.
Poeta e humana
A história da personagem é abordada pelo seu lado artista, poeta e humana. A cineasta, adiciona a imersão nas coisas que a personagem escreveu e sentimentos que a equipe do filme buscou reconstituir.
“Eu resumo o filme com ela se despedindo daqueles que ela não pôde se despedir. Então o filme está nesse lugar, Anayde está neste lugar de poeta, de mulher, de pessoa, de humana que sente e sofre, mas que também é forte e que tem um lado poeta e artístico tremendo, que o sentir dela também passa por esse lugar” , menciona a cineasta.
A relevância da personagem
O desafio de fazer o filme refere-se à grandiosidade de Anayde, do que ela representa para as mulheres. A partir daí lidar com as diversas versões, pontos de vista, reconstituição, encontrar arquivos e fontes, torna a personagem misteriosa por ser escassa nas suas informações. Para além disso, Saskia relembra a felicidade de trazer para a tela a história de uma mulher, por levar o seu nome a mais pessoas e fazer o público ir atrás de quem ela foi, retirando o apagamento que ela sofreu ao longo da história.
“Eu sei que um produto audiovisual é capaz de tocar as pessoas, de chegar longe, então é um desafio que estou abraçando com muita vontade e com muito amor, eu espero que o trabalho seja recompensador, que cheguem nas pessoas, que a gente traga essa figura pro debate” , finalizou Saskia Lemos.
As gravações ocorreram durante quatro dias, no Hotel Globo, no Centro Histórico em João Pessoa. O filme ainda não tem data para exibição.