Laura Moura com Assessoria
Identidade, ancestralidade e empoderamento, essas são as ideias que a artista paraibana, Jinarla, trabalha no Projeto Sankofa. Através de um intercâmbio cultural, ela embarca numa jornada profunda e íntima entre as raízes e conexões de diversas culturas e origens. Com a primeira edição realizada no México, entre o final de agosto e início de setembro, ela não só aprendeu mais sobre a cultura local, mas também apresentou a peça “Meu sangue, teu sangue”, um desdobramento do espetáculo Parahyba Rio Mulher, no qual ela se percebe mulher negra, refletindo e compartilhando histórias. A artista segue com suas pesquisas, desenterrando e compreendendo o seu passado.
Sankofa significa “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu” e foi justamente isso o que inspirou Jinarla a explorar mais a fundo as suas origens. Ao realizar um teste de origem genética, em 2021, a artista descobriu vínculos na Península Ibérica, África e povos indígenas das Américas. Sua travessia estava apenas começando e transpassaria o tempo e o espaço num encontro não só cultural, mas também do seu próprio “eu”.
Como a primeira vez não só se apresentando no exterior, mas também sozinha, de maneira independente e ainda em outra língua, sua performance aconteceu na Alameda Central da Cidade do México. Com trocas valiosas, o momento foi dividido em duas etapas: a pesquisa cultural, com visitas guiadas em museus e monumentos de povos nativos da região, além da apresentação teatral de “Meu Sangue, teu sangue”. Marcada pela dualidade entre a dor da opressão racial e o renascimento através de um novo olhar, tanto externo quanto interno, a obra apresenta fortes sentimentos e significados impossíveis de serem ignorados pelos corações dos espectadores.
Apesar dos obstáculos no caminho, Jinarla percebe essa experiência como um momento de diversidade, resiliência e conexão de culturas. Expondo suas inquietações inexpressáveis, ela persevera no universo artístico, criando seus próprios espaços para falas e revoluções.
“Foi uma oportunidade incrível conhecer uma nova cultura e a história de resistência dos povos Maias, Astecas e muitos outros que viveram na região. A viagem me permitiu enxergar como nossa cultura se aproxima e, pela primeira vez, me senti latino-americana. Certamente, levar Sankofa ao México abriu novos horizontes para onde quero chegar como pessoa e artista”, conta Jinarla, que planeja dar continuidade ao projeto compartilhando experiências e reflexões, além de estimular discussões sobre identidade e pertencimento.