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Registro das artes e culturas da Paraíba
“na vida comum do escritor que envelhece na cidade grande - que a cada dia é menos a cidade que ele conheceu moço - estão os dados que compõem o universo do homem que dedicou a vida aos livros, que faz da literatura um ofício a uma escolha definitiva.
aos encontros e desencontros, almoços, teatro, solidão na casa de praia, sucedem-se as aventuras espirituais da retomada de antigos autores - que são encontros com o leitor que fomos -, surpresas da correspondências e algum carinho de amigos, parentes, até de desconhecidos. há também tristeza pelo que podia ter sido e não foi, há até irreverência, com pessoas vivas, mal escondidas nas suas iniciais. no caleidoscópio dos dias estão uma carta suavíssima de Pedro Nava, a ironia constante de um jovem inteligente, o telefonema de uma amigo quase esquecido, o cartão de natal do poeta moço e alguma aversão confessada pelos “engajados”. a leitura corre suave a variada como seu estado de espírito, levando o leitor do sorriso ao interesse passando pela complacência e pela divagação. os personagens estão quase todos vivos, expressamente citados ou fáceis de adivinhar. a certa altura, é fácil perceber que o “jornal literário” é um mosaico de que de que só se conhece o conjunto quando se ganha distância, e é ao fim da leitura que se tem uma boa perspectiva. o conhecimento dos outros volumes impõe-se com a necessidade de conhecer a todo, como quem junta as peças e recua alguns passos para ver o resultado.
Referência
LEITE, Ascendino. Doces vozes do silêncio: jornal literário. João Pessoa: Idéia, 2000. 146 p. ISBN: 8586867438.