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José Américo de Almeida

Escritor, romancista, ensaísta, poeta e cronista, político, advogado, professor universitário, folclorista e sociólogo.

Ver: Paraíba Criativa.

Naturalidade: Engenho Olho d`Água, Areia – PB

Nascimento: 10 de janeiro de 1887 / Falecimento: 10 de março de 1980.

Atividades artístico-culturais: Escritor, romancista, ensaísta, poeta e cronista, político, advogado, professor universitário, folclorista e sociólogo.

Publicações de sua autoria: 

Reflexões de Uma Cabra, ensaio, 1922; A Paraíba e Seus Problemas, ensaio, 1923; A Bagaceira, romance, 1928; O Ministério da Viação no Governo Provisório, 1933; O Ciclo Revolucionário no Ministério da Viação, 1934; O Boqueirão, romance, 1935; Coiteiros, romance, 1937; 1945, coletânea de discursos, 1945; A Palavra e o Tempo, ensaio, 1967; As Secas no Nordeste, 1953; Ocasos de Sangue, ensaio, 1954; Discursos do Seu Tempo, 1967; O Ano do Negro, ensaios, 1970; Sem me Rir sem Chorar, 1984; Graça Aranha, O Doutrinador, memórias, 1968; Eu e Eles, Memórias, 1973; Quarto Minguante, 1976; Antes que me esqueça, 1977.

Resumo:

Filho de Inácio Augusto de Almeida e de Josefa Leopoldina Leal de Almeida iniciou seus estudos no engenho (em que nasceu) com a professora Júlia Verônica dos Santos Leal. Aos nove anos, após a morte de seu pai, foi entregue aos cuidados do tio, o padre Odilon Benvindo, que tenta iniciá-lo na carreira eclesiástica, internando-o no Seminário de João Pessoa.

Sem vocação, no entanto, deixou o Seminário e ingressou no Liceu Paraibano. Em 1903, mudou-se para o Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1908. Após a formatura, retornou à Paraíba e foi nomeado para o cargo de promotor público na comarca de Sousa.

Em 1911, foi nomeado promotor-geral do estado da Paraíba, cargo que ocupou até 1922, quando se tornou consultor-geral do estado. Destacou-se na Literatura Brasileira como autor de “A bagaceira'' (1928), obra-prima do romance regionalista moderno, hoje com trinta e duas edições em língua portuguesa, edição crítica e versões em espanhol, francês, inglês e esperanto. Sua obra, com dezessete títulos, abriga ainda ensaios, oratória, crônica, memórias e poesia.

Nessa mesma época, foi secretário estadual das pastas do Interior e Justiça e Segurança Pública (no governo de João Pessoa). Nas eleições presidenciais realizadas em março de 1930, apoiou a candidatura oposicionista de Getúlio Vargas, que tinha João Pessoa como vice em sua chapa.

Nessa ocasião, elegeu-se deputado federal, não tendo, porém, seu mandato reconhecido pela Comissão de Reconhecimento de Poderes da Câmara Federal, vitimado pelo expediente da “degola”. Participou ativamente das articulações do movimento revolucionário que levaria à deposição do presidente Washington Luís, em outubro, impedindo que o governo federal fosse entregue a Júlio Prestes, eleito nas eleições de março.

José Américo foi designado chefe civil da revolução nos estados do Norte e Nordeste, cabendo à chefia militar a Juarez Távora. Deflagrado o movimento no dia 3 de outubro, já no dia seguinte José Américo assumia o controle do governo paraibano; ao mesmo tempo, em que dava posse, junto com Juarez Távora, a diversos interventores nos estados vizinhos. Após a posse de Vargas à frente do governo federal, foi nomeado ministro da Viação e Obras Públicas.

Como ministro de Estado participou na condição de membro nato, dos trabalhos constituintes entre 1933 e 1934, articulando a permanência de Vargas no poder. Em julho de 1934, exonerou-se do ministério e elegeu-se senador pela Paraíba. Já no ano seguinte, porém, renunciaria ao seu mandato para ocupar, por indicação de Vargas, o posto de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Em 1937, foi lançado como candidato à Presidência da República, porém, em novembro deste mesmo ano, Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional e cancelou as eleições presidenciais, dando início ao Estado Novo (1937-1945).

Em 1945, representou a Paraíba no Congresso Brasileiro de Escritores, evento que assume nítido caráter antiditorial. Em janeiro de 1947, deixou o TCU ao eleger-se senador por seu estado da Paraíba. Nesse mesmo mês foi escolhido para a presidência nacional da UDN.

No ano seguinte, porém, desligou-se do partido por discordar de sua excessiva aproximação com o governo de Dutra. Fundou, então, na Paraíba, o Partido Libertador, legenda pela qual se elegeu Governador do Estado em 1950.

Durante seu mandato fundou a Universidade Federal da Paraíba, sendo nomeado seu primeiro reitor. Em 1953, já reconciliado com Vargas, deixou o governo paraibano e voltou a assumir o Ministério da Viação e Obras Públicas, durante o segundo governo do político gaúcho. Com o suicídio de Vargas, em agosto de 1954, demitiu-se do ministério e reassumiu o governo da Paraíba.

Entre 1954 e 1964, esteve afastado dos cargos públicos dedicando-se à produção dos livros de memórias, onde colocou, para posteridade, a visão de um homem de ação e de grande sensibilidade. E, em plena maturidade, revelou-se poeta.

Em 1964, de volta à cena política, deu apoio ao golpe militar que depôs o presidente João Goulart e instalou novo período ditatorial no país. Em 1967, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, na Cadeira 38, cujo patrono é Tobias Barreto, sucedendo ao professor Maurício Medeiros.

Em 1976, foi homenageado pela União Brasileira de Escritores, com título de O Intelectual do Ano, recebendo o troféu Juca Pato. Após sua morte, fato que ocorreu em 1980, a casa onde passara os últimos vinte e dois anos de sua existência, foi transformada em Fundação, para dar continuidade ao seu trabalho e à divulgação do seu nome nos diversos quadrantes do país como intelectual, participante das Academias Paraibana e Brasileira de Letras e pelas grandes iniciativas, entre elas a criação da Universidade da Paraíba, em 1956, que depois passaria a ser UFPB, após sua federalização.

Situada nas proximidades do ponto mais oriental das Américas, a Fundação Casa de José Américo constitui-se num importante órgão cultural. Criada a partir da Lei nº 4.195 de 10 de janeiro de 1981, e reconhecida como de utilidade pública, pelo decreto federal nº 93.712, de 15 de dezembro de 1986.

A casa, transformada em museu, guarda as mesmas características de quando José Américo nela residia; inclusive o jardim e as árvores frutíferas, por ele plantadas. Já o documentário “O Homem de Areia” (1981) de Vladimir Carvalho, conta a trajetória de vida de José Américo de Almeida.

Quarto Minguante (1976)

Trata de uma coletânea de versos, escritos por José Américo de Almeida, o qual seria o seu primeiro livro de poemas. O título desta obra define um sentimento poético, não como adesão provisória e sim como rejuvenescimento de uma alma perpetuamente criadora. Consta dos seguintes poemas: Quadras de Minha Quadra, A Rede, ?, Toada do Vagabundo Sem Dinheiro, Lua, Meu Rastro, Minha Estrela, Milagre, A Árvore da Ciência, Um Flamboyant Que Escureceu Meu Telhado, O Homem de Folha, Augusto dos Anjos, Colegas de Ano, Ordenação, A Nuvem Comovida, O Hino da Morte, Elegia, A Felicidade, A Única Voz, Carnívoro, Areia, A Dança do Eito, Infância, Brinquedo, Boi de Osso, Os Chocalhos, O Cordeiro, Uma Asa Que Não Voou, Chuva com Sol, Ode ao Urubu, Brincando de Esconder, Ponto Final, Mar Generoso, A Estrela do Mar, Um Sol Nascendo das Águas, Migração, O Sabiá, Bentevi, O Sopro Final, A Vida e a Morte.

Sem me rir sem chorar

O livro contém vinte e cinco crônicas publicadas na revista O Cruzeiro. Na primeira crônica, Homem de Letras, o escritor relembra a infância em Areia, vivida no engenho,. Florinda é a segunda publicação, uma história de assombração e crime;. Em História de um Beijo, recorda a Revolução de 1930; Pareço-me Comigo narra fatos da época em que ocupou o Ministério da Viação; a quinta crônica é intitulada Uma Apresentação Errada; Inferno Verde registra a viagem a Amazônia, antes da I Guerra Mundial; A Estréia Inacabada mostra-nos como foi sua vida como Promotor de Justiça; Pobre dos Ricos narra uma história que lhe contaram; Em Roupa Suja surge um homem político; Hospitalidade nos traz os pormenores sobre uma situação original; Vira-Casaca é de conteúdo político, onde aparece Getúlio Vargas com suas virtudes e defeitos; a décima segunda crônica, Um Drama em Tambaú, relembra a figura de João Pessoa; em Fiz um Presidente surge o estilo do cronista e do historiador; O Contador de Histórias mostra a importância da obra de José Lins do Rego; Santo Também Mente relata fatos do jovem Promotor de Justiça na comarca de Souza; Mensagem relembra a vida passada na casa de Tambaú; no décimo sétimo texto, Voltei Por Outros Caminhos, narra sua volta ao Ministério da Viação, em 1953; Extremos Que Se Tocam recorda a guerra civil paraibana; Velhos Troncos traz evocações dos valores da época; Boca de Praga relata a seca de 1932; As Crônicas, Caminhos da Sêca, Um Mergulho no Abismo, Diário de um Paroara, O Invisível e Política encerram essa coletânea de crônicas.

Reflexões de uma cabra

O autor, na época colaborador da revista Era Nova, remeteu sua novela Reflexões de Uma Cabra a alguns dos escritores nacionais que poderiam interessar-se por literatura regionalista. Contém conceitos de: Afrânio Vasconcelos, Farias Neto Sobrinho, Luiz da Câmara Cascudo, Olívio Montenegro, entre outros.

A palavra e o tempo

A Palavra e o Tempo é um testemunho histórico de valor autobiográfico, porque traça algumas facetas do temperamento do autor, apresentando três etapas do panorama político entre 1930 e 1951. Na 1ª fase, que precedeu a ditadura do Estado Novo (1937-1945), José Américo é candidato a Presidente da República. Na 2ª fase de (1945-1946) defende a candidatura Eduardo Gomes e na 3ª de (1945-1950), no período constitucional, o autor aparece como líder no Senado. A política é a fase mais expressiva, revelando com clareza aspectos psicológicos dos procedimentos do autor.

O boqueirão

Retrata os anos vinte. Descreve o drama social que se desenvolve em torno de uma barragem construída a partir da presidência de Epitácio Pessoa, por técnicos e firmas norte-americanas. O autor centraliza o enredo sobre o choque de culturas na região sertaneja de tradição patriarcal e fechada, colocando as obras contra as secas como um fator importante para o desenvolvimento regional por trazer luz elétrica, economia assalariada, emancipação da mulher, automóvel e outras inovações da época. Considera o impacto causado pela paralização das obras contra as secas, determinada pelo Governo Federal.

O ano do nego

Desenvolve-se a narrativa durante a época da Revolução de 1930 no Nordeste, de que participou o autor, Antenor Navarro, Juarez Távora, Juracy Magalhães e outros. Retrata acontecimentos políticos e históricos importantes para a Paraíba, como a morte de João Pessoa na Confeitaria Glória, no Recife. Contém traços da vida de João Dantas, João da Mata e José Pereira; fazem referências aos locais onde se desenrolaram esses fatos.

Discursos do seu tempo

Apresenta uma abordagem crítica por Virginius da Gama e Melo. Os discursos tratam de vários assuntos: RELIGIÃO, DIREITO, MOVIMENTO ACADÊMICO, TECNOLÓGICO, UNIVERSITÁRIO, POLÍTICO, TELÚRICO E REGIONAL a saber: Saudação a N. S. de Fátima, Um Obreiro de Deus, O Direito: Pluralidade das Profissões, Epitácio Pessoa Força e Sentimento, Alceu Amoroso Lima, Augusto dos Anjos, A Caridade e a Técnica, Instalação da Universidade da Paraíba, Organização Universitária, Outra Política da Terra, A Revolução de Março e Seus Antecedentes Históricos, Cidadão Campinense, Cidadão de Cajazeiras, Cidadão de Patos, Dois Estados Irmãos, Cidadão Cearense, Cidadão de Fortaleza. Apesar da diferença dos temas, esses discursos constituem caminho certo para o conhecimento da visão do autor quanto às idéias de liberdade, religiosidade e política.

A bagaceira

Retrata a tragédia social do povo paraibano provocada pelos horrores da seca. A Bagaceira tem papel importante na literatura brasileira por ter introduzido o romance regionalista. Apresenta, com exatidão, a linguagem popular do povo paraibano, sua história e suas tradições, revelando, através da literatura, a tragédia dos retirantes expulsos pela seca.

Referências 

http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.1347.pdf

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=385&Itemid=189

http://www.bahia.ws/biografia-jose-americo-de-almeida/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Am%C3%A9rico_de_Almeida

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Jos%C3%A9+Am%C3%A9rico+de+Almeida<r=j&id_perso=990

http://www.osebocultural.com/galeria/31,,jose-americo-de-almeida/galeria.html

http://www.e-biografias.net/jose_americo_de_almeida/

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/aeravargas1/biografias/jose_americo_almeida

ALMEIDA, José Américo de. Sem me rir sem chorar. João Pessoa: Fundação Casa de José Américo de Almeida, 1984. 151 p.

BRANDÃO, Nilvanda Dantas. Trajetória intelectual de José Américo: contribuições para o pensamento social brasileiro. 2012. 232 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2008. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/7286/1/arquivototal.pdf. Acesso em: 21 jul. 2021.

FUNDAÇÃO CASA JOSÉ AMÉRICO. Bibliografia comentada de josé américo de almeida, João Pessoa. Disponível em: https://fcja.pb.gov.br/bibliografia-comentada. Acesso em: 22 jul. 2021.

ALMEIDA, José Américo de. Quarto minguante:poesia. 3. ed. João Pessoa: Fundação Casa de José Américo, 1994. 89 p.

ALMEIDA, José Américo de. A palavra e o tempo:1937-1945-1950. Rio de Janeiro: José. Olympio, 1965. 325 p. (Coleção Documentos Brasileiros, 120)

ALMEIDA, José Américo de. Reflexões de uma cabra. 2. ed. Rio de Janeiro: INL, 1971. 151 p.

ALMEIDA, José Américo de. O ano do nego: memórias. João Pessoa: A União, 1978. 233 p.

ALMEIDA, José Américo de. Discursos do seu tempo. 2. ed. João Pessoa, PB: Universidade da Paraíba, 1965. 269 p.

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