Jaqueline Rodrigues
Ocorrerá neste sábado (16), a primeira edição do Pisada de Cavalo Marinho, Boi de reis e Reisado que será realizado no Bairro dos Novais, na cidade de João Pessoa. A atração reunirá grupos, mestres e mestras e tem o intuito de valorizar e atrair a população para estas atividades.
Segundo Lua Aires, uma das organizadoras da iniciativa, o evento possui relação com o Grupo de Estudos Coco Acauã que realiza o trabalho de pesquisa sobre os grupos e mestres que estão em andamento ou parados e em uma dessas pesquisas, houve a busca do estado destas brincadeiras na Paraíba.
Com base nisso, um dos integrantes montou um inventário de referências culturais sobre as brincadeiras e constatou que muitas se encontram inativas e outras apenas na memória. Após isso, pensaram na criação do evento e logo em seguida, passaram a entrar em contato com os grupos e inscreveram-se na Lei Aldir Blanc 2021.
Cavalo Marinho, Boi de Reis e Reisado
O Cavalo Marinho é uma brincadeira que varia do Bumba Meu boi e é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A prática envolve danças e performances dramáticas, instrumentos e repertório musical, ritual teatro e poesia, é realizada principalmente nos festejos natalinos. Além disso, é conhecida nos estados de Pernambuco e Paraíba, com algumas diferenças entre elas.
O Boi dos Reis trata-se de uma brincadeira tradicional presente nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, no qual ambos possuem semelhanças nas pisadas, nas figuras presentes na tradição e nos instrumentos musicais.
O Reisado é uma festa popular comemorada no Dia dos Reis, em 6 de janeiro, ela é realizada como um teatro de rua em que crianças e adultos se fantasiam para homenagear os três magos. As suas cantorias trazem a temática do nascimento de Jesus, os trajes utilizados são roupas coloridas, chapéus com igreja, fitas e espelhinhos.
Dentre os mestres que estarão presentes estão a Mestre Tina, o Mestre Pirralhinho, o Mestre Naldinho que integra o banco do cavalo marinho da Mestre Tina. O fundador do Cavalo Marinho Boi de Ouro de Pedra de Fogos, Mestre Araújo também marcará presença junto com o Mestre Luís Miguel, há também o Mestre Antônio do Boi de Reis, da cidade de Dona Inês e vários outros que trarão as suas vivências para a partilha.
Para chamar a atenção do público, a organização propõe conteúdos informativos através de sua conta no Instagram e também divulgam por meio de conversas, viagens para aqueles que não possuem afinidade com as mídias sociais. A divulgação acontecerá também através de um carro de som, no Bairro dos Novais.
A organização já tem em mente a segunda edição, Lua Aires informa que inicialmente o evento duraria dois dias e que planejam ter uma edição a cada dois anos.
“Queremos poder trazer mais grupos, fazer homenagens, mais oficinas, produção e exibição de documentário. Agora será só um gostinho, assim como foi o I Encontro de Cocos de Roda, Cirandas e Mazurcas da Paraíba, em 2019, que já vem na segunda edição por aí. Com ou sem dinheiro, a gente faz”, informa a entrevistada.
O evento chega com a ideia de reconhecer as tradições populares que estão vivas e em processo de elaboração e reelaboração, além de cruzarem as várias gerações com os conhecimentos de cada prática.
“Essas tradições nos ensinam tudo isso, sem os valores delas, considero que somos pessoas perdidas enquanto gente”, conclui Lua.
Programação completa
8h às 10h: Roda de conversa sobre a rabeca no cavalo marinho da Paraíba com Pedro Luiz, Ademilton Barros e Mestre Antônio da Rabeca
10h às 12h: Roda de conversa sobre o Mateus no boi dos reis e cavalo marinho com Mestre Cirilo
13h: Mercado Preto
14h45: Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi (João Pessoa-PB)
16h45: Reisado de Zabelê (Zabelê – PB)
17h45: Boi de Reis de Dona Inês (Dona Inês – PB)
19h45: Boi de Reis Estrela do Norte (João Pessoa – PB)
21h30: Cavalo Marinho Boi de Ouro (Pedras de Fogo – PB)
O evento é gratuito e será realizado na Escola Estadual Dr. Otávio de Novais, na Avenida Desembargador Santos Stanislau, 1255, no Bairro dos Novais em João Pessoa. A iniciativa é realizada com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Estado da Paraíba.