Naturalidade: São José dos Cordeiros – PB
Nascimento: 1940
Atividade artístico-culturais: Poeta, e na arte da carpintaria.
Enoc Ferreira nasceu na região do Cariri Paraibano. É um dos brilhantes poetas paraibanos que integra o cenário cultural regional do país. Desde sua juventude era notório seu talento voltado para arte da poesia. Enoc durante sua infância trabalhou na agricultura juntamente com seu pai.
No ano de 1963, Enoc estava com 23 anos de idade, e realizou a sua primeira cantoria. Passou dez anos cantando, de 1963 a 1973. Depois de deixar as cantorias, ele começou a escrever seus versos e aprimorar seus conhecimentos nos mais diversos temas contidos nos livros que conseguiu comprar com o pouco recurso que ganhava na profissão de carpinteiro, fazendo carro de boi, cancelas e telhados.
Enoc é mestre no oficio e na arte da carpintaria, um exímio produtor de porteiras, e carros de bois, além de escrever versos. Carrega em sua coleção de obras belíssimos trabalhos, como: “Cariri do presente nem parece o do passado”, “divisões da vida”, também escreveu sobre a inconfidência mineira, a guerra de canudos, a guerra holandesa, o descobrimento do Brasil, entre outros temas.
O artista foi homenageado numa solenidade que reuniu em Serra Branca importantes lideranças da sociedade de caririzeiros. O jornalista Evaldo Costa comandou a entrega da primeira edição do Troféu Gente do Cariri, por meio do qual foram premiadas 14 personalidades da região.
Um dos brilhantes poetas paraibanos que integra a cultura regional do país. Enoc Ferreira é de um talento incomparável. O artista também demonstra peculiar precisão em seus trabalhos de carpintaria.
Divisões da vida:
Desponta o sol da infância
No horizonte da vida
Como medindo a distância
Dessa jornada comprida
30 anos é meio dia
40 é tarde sombria
50 é sol no poente
70 é quando anoitece
80 desaparece
A esperança da gente
10 anos tempo de flor
Aos 20 deixa ilusão
Aos 30 aparece dor
40 é recordação
50 é triste lembrança
60 morre esperança
70 é cume das frágoas
80 já é o cúmulo
90 a boca do túmulo
recebe o resto das mágoas
Tempo bom é adolescência
Juventude é céu de flor
Transpira odor da essência
Pelas pétalas do amor
Depois a virilidade
Chega plantando saudade
Afugentando a virtude
E a onda dos desenganos
Empurra a barca dos anos
No cais da decrepitude
É muito escuro o porvir
Depois dos 50 anos
Começa o homem a sentir
O peso dos desenganos
Uns não alcaçam 60
Outros passam de 70
80 o mastro bambeia
90 o barco desanda
E a morte fica de banda
Morando parede e meia
Embalado o tempo corre
Tudo que é bom se liquida
Cada uma tarde que morre
Encurta um dia de vida
Cada data é uma história
Que fica em nossa memória
Que a vida é como um jornal
Tudo que passa anuncia
Cada uma página é um dia
A morte um ponto final
A vida é como uma rosa
Que as pétalas contém aroma
Enquanto nova é cheirosa
Ficando velha ela broma
No 30 com um sereno
Pelo frescor do terreno
A roseira se eleva
Depois que falta o orvalho
Murcha a rama, seca o galho,
Cai a flor, o vento leva
Para me certificar
Que a vida não vale nada
Eu resolvi visitar
A nossa ultima morada
Como quem se desanima
Chorei de joelhos em cima
Do tumulo dos meus avós
Onde uma lousa funénera
Vive cobrindo a matéria
Que tantos foi como nós
Fontes:
http://poetajorgefilo.blogspot.com.br/2013/06/o-genio-enoc-ferreira.html
http://belmontepe.blogspot.com.br/2015/06/divisoes-da-vida-poeta-enoque-ferreira.html