O arroz vermelho foi introduzido no Brasil pelos portugueses, no século XVI, na então Capitania de Ilhéus, atualmente Estado da Bahia. Ali ele não chegou a prosperar, mas teve grande aceitação no Maranhão nos dois séculos seguintes. Em 1772, por determinação da Coroa de Portugal, que só tinha interesse na produção do arroz branco para suprir a metrópole, os agricultores foram proibidos de plantar o arroz vermelho no Maranhão. Com isso, a produção migrou para a região semiárida, onde ainda é encontrado, principalmente no Estado da Paraíba. Ali, o arroz vermelho constitui um dos principais ingredientes da culinária regional, sendo considerado um alimento especial nas casas das famílias e restaurantes do interior.
A Paraíba é o Estado que reúne a maior produção de arroz vermelho no Brasil, sendo destaque especial o Vale do Rio Piancó, uma bacia hidrográfica de solos naturalmente muito férteis, cujo isolamento geográfico e a completa inexistência de tecnologias para esse cereal não permitiram até hoje a introdução de qualquer outro arroz. Com uma área anualmente plantada em torno de 5 mil hectares, o Vale do Piancó constitui o verdadeiro refúgio do arroz vermelho no Brasil.
O arroz vermelho cultivado ali pode ser considerado um produto ecologicamente limpo, pois nunca recebeu qualquer tratamento com agrotóxicos. Os sistemas de cultivo praticados até hoje são bastante rudimentares. Plantado predominantemente por pequenos agricultores, como lavoura de subsistência, esse arroz apresenta baixos níveis de produtividade.
O arroz vermelho produzido no Vale do Piancó, na Paraíba, será considerado como uma “fortaleza Slow Food” pela Fundação Slow Food para a Biodiversidade, movimento internacional criado na Itália em 1989, que tem entre outros projetos, a “Arca do Gosto” e as “Fortalezas”, apostas do movimento para o futuro, visando a preservação e inclusão no mercado de produtos ameaçados de extinção. Fazem parte desses projetos, produtos de excelência gastronômica ameaçados pela industrialização, pelas regras da grande distribuição e pela degradação ambiental e social. O Slow Food localiza, cataloga, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas ainda vivos, com reais potenciais produtivos e comerciais.
As formas de se consumir o arroz vermelho variam de um lugar para outro. No Sertão Paraibano, é consumido principalmente com leite e com feijão-caupi (feijão-de-corda) e queijo coalho, num prato conhecido como rubacão.
Fontes:
https://www.slowfoodbrasil.com/arca-do-gosto/produtos-do-brasil/48-arroz-vermelho