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Data de publicação do verbete: 05/04/2024

Aldo Lopes

Escritor.
Data de publicação: abril 5, 2024

Entrevista e texto: Débora Luz

Naturalidade: Princesa Isabel – PB

Nascimento: 17 de maio de 1957

Atividades artístico-culturais: escritor

Formação acadêmica: Formado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba

Contato: aldolopesdearaujo@gmail.com / (83) 996661087

“Escrever um bom texto é sinônimo de realização pessoal. Não considero isso uma profissão. Pode ser uma viração, terapia ocupacional, divertimento, cachaça, diazepam.” 

Desde o início de sua carreira, Aldo Lopes se entrega de corpo e alma à escrita. Para ele, ser escritor é uma espécie de sacerdócio, dedicando-se de forma integral à sua paixão pela literatura, buscando uma estética literária que o preencha, que o conecte com a modernidade e a contemporaneidade. O autor compara sua dedicação ao ofício ao trabalho de um carpinteiro meticuloso, que esculpe cuidadosamente suas peças até alcançar a forma final desejada, da mesma forma que ele escreve suas obras.

Em um país onde poucos têm o hábito de ler, conseguir espaço e voz é uma tarefa árdua para um escritor.  No entanto, o autor contou com o apoio de editoras que valorizam seu trabalho e de ganhar concursos literários que impulsionaram sua carreira. A exemplo da Bolsa Funarte de Criação Literária, que serviu para a pesquisa e conclusão do seu romance “A Dançarina e o Coronel”. Aldo nunca fez da literatura um meio sobrevivência, mas sim uma fonte de realização e refúgio pessoal, tendo se dedicado também a outras atividades profissionais, como o jornalismo e a carreira policial.

“Não tive desafios a enfrentar, porque contei com a sorte de ganhar alguns concursos literários, onde o prêmio era a publicação do livro, quando não, algum dinheiro. Além do mais, nunca fiz da literatura meio de vida para sobreviver. Teria morrido de fome. Logo cedo, antes da idade do lobo, tive de fazer concurso público para ter um emprego razoável e sobreviver dignamente”, expressou Aldo. 

Em sua experiência como repórter e editor de cadernos de cultura em jornais paraibanos, especialmente no Correio das Artes, Aldo vivenciou de perto os desafios e as nuances do meio jornalístico. Mesmo em um ambiente onde a cultura era relegada a segundo plano, ele encontrou espaço para sua paixão pela escrita.

Escrever sempre foi intrínseco à existência do autor, e o período em que mais produziu foi quando utilizava do tempo livre do seu antigo trabalho. Durante os plantões nas delegacias onde atuou como delegado, quando não estava envolvido em um auto de prisão em flagrante, ou investigando um local de crime, dedicava-se a redigir mais um capítulo de romance ou concluir um conto. “O silêncio da noite, a chegada do crime ao vivo e em cores, pregado na pele e na roupa das pessoas que a polícia trazia ao meu gabinete, era o que mais me inspirava”, afirma o autor. Agora aposentado, dispõe de tempo livre para escrever, o que faz diariamente, numa tentativa de dar vazão a todas as experiências que possuiu ao longo da vida e que estão armazenadas na sua memória: “Tenho muita coisa para contar. Compreendi as grandezas e as misérias do ser humano durante 20 anos, sem sair de minha cadeira, no meu ambiente de trabalho. Não precisei ir em busca de nada, as coisas vieram até mim. Muitas delas na calada da noite, quando ninguém estava acordado para testemunhar. Acontece que sou um apaixonado pela escrita e pela literatura. Aquilo que para os demais era trabalho duro, uma espécie de convescote do inferno, para mim era algo proveitoso e revelador, um investimento emocional sem precedentes. “

Ao longo de sua jornada, Aldo foi influenciado por diversas obras e autores, como Antônio Torres, Saramago, Juan Rulfo, Guimarães Rosa e o paraibano Zé Lins,  que deixaram marcas em suas escritas.

O autor foi eleito, no início de 2024, de forma unânime, para ocupar a cadeira nº 19 da Academia Paraibana de Letras, sucedendo o médico e historiador Guilherme Gomes da Silveira d’Ávila Lins. Essa nomeação representa um reconhecimento de sua contribuição para a literatura local e nacional, além de proporcionar uma maior visibilidade ao seu trabalho. Como membro da academia, Aldo Lopes busca promover a literatura paraibana e contribuir para o desenvolvimento cultural do estado, participando ativamente de projetos e iniciativas que fomentem o debate literário e o intercâmbio cultural.

Com projetos futuros em andamento, Aldo continua sua jornada como escritor, preparando-se para publicar novos livros de contos que refletem sua dedicação e paixão pela escrita. Sua trajetória é marcada pela persistência, pelo amor à palavra escrita e pela busca incessante por uma estética literária que o conecte com seu tempo e seu público. Aldo Lopes é mais do que um escritor; é um guardião das histórias que dão voz aos sentimentos e experiências humanas, uma inspiração para todos aqueles que valorizam o poder transformador da literatura.

Livros:

-Zé, a velha e outros contos

-Lavoura de Olhares e outros contos

-O dia dos cachorros

-A Dançarina e O Coronel

-Solidão, nunca mais

-As Estátuas de Sal

Fonte: Entrevista realizada por Débora Luz em abril de 2024

 

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