Localização: Rua João Vieira Gonçalves de Medeiros, 146. Altiplano, João Pessoa – PB
Proprietária: Milena Magistralli
Funcionamento: Domingo a partir das 13h
Contato: (83) 9 9913-8154
Instagram: @cozinha.maracujah
O projeto da cozinha teve início no ano de 2015, na cidade de Lucena, com a vontade de trazer algo culturalmente relevante para a comunidade. Inicialmente com um espaço chamado Maracujá Economia Solidária tinha a intenção de chamar as pessoas para projetos sociais relacionados à comida.
Milena é Chef de Cozinha e Nutricionista, então sua paixão e amor é cozinhar. “Nunca pensei em fazer algo só com a cozinha, sempre pensei nisso atrelado a algo mais relevante, misturar a cozinha com a cultura”, declara.
Ao mudar para João Pessoa passa a se chamar Cozinha Cultural Maracujah com o primeiro endereço sendo no bairro do Bessa, em 2018, começando pelo projeto Feijoada, Samba e Choro. “Assim como em Lucena, aqui eu queria fazer gastronomia atrelada a cultura, a cena cultural”, conta Milena. Outro projeto interessante era o cinema na cozinha que exibia filmes todas as quartas feiras e o cardápio da noite era sempre com referência ao filme que estava sendo exibido.
Em meio a pandemia da covid-19 (2020) a cozinha mudou-se para o bairro do Altiplano. A proposta sempre foi fazer a entrada gratuita, pensando na democratização da cultura, no acesso LIVRE para todos. “Apesar das dificuldades iniciais, assim que foi possível colocamos o acesso gratuito e bancamos esse cachê dos músicos independente do número de pessoas que vem”, explica.
Apesar das dificuldades em se trabalhar com cultura em João Pessoa, a cozinha se identifica como um espaço de amor e resistência, mesmo não conseguindo fazer todos os projetos culturais por sofrer perseguição de vizinhos, da prefeitura que não os enquadra em nenhuma legislação específica.
A cozinha está sendo tocada com o objetivo de fazer um espaço que seja coletivo, democrático. Que o dinheiro não seja um fator, que o financeiro não seja um impedimento pra pessoa estar aqui. Que a casa possa ser um local livre também para os artistas é uma das premissas do projeto.
Com o objetivo de levar trabalhos autorais/experimentais e levar os artistas a uma aproximação com o público, a cozinha é aberta uma quinta-feira por mês para recitais com o projeto chamado CRU recital na cozinha.
A ideia dos artistas tocarem sempre esteve presente, mas o choro veio com a proximidade com alguns dos músicos. A primeira programação fixa era com o grupo Moinho de Choro todos os sábados. Entra em cena então, Laídia Evangelista, bandolinista, que começou a tocar na cozinha aos domingos e conversando com Milena perceberam a necessidade de um espaço dedicado ao choro e idealizaram mais um projeto, A roda de choro. Que tradicionalmente é aberta e onde se misturam músicos experientes com músicos mais amadores. O papel da mulher no choro é objeto de estudo de Laídia na universidade.
“É um local de aprendizado, de troca, e a gente queria fazer um espaço desse e é um movimento para que as mulheres chegassem, se sentissem seguras, num local acolhedor, uma roda comandada por uma mulher, pois Laídia que comanda a roda de choro, num espaço também comandado por uma mulher”, declara Milena.
Viram uma grande e importante oportunidade de trazer as mulheres de João Pessoa para o choro. “Tendo uma roda acolhedora, porque o que as mulheres do choro relatam é que as rodas, elas acabam impedindo as mulheres de chegar, sabe? A gente estava conversando com as mulheres do choro que estiveram aqui no festival e o relato é o mesmo, todas as mulheres falam as mesmas coisas, que chegam em rodas de choro e que é um monte de homem, um querendo mostrar quanto sabe mais que o outro, não tem um acolhimento. Não tem uma troca,o que existe, é uma exibição. Vários homens querendo se exibir, o quanto sabem tocar,” conta Milena.
Elas conseguiram criar um espaço seguro e acolhedor para mulheres, além do relevante papel cultural que desenvolvem trazendo à tona a cena do choro em João Pessoa. Graças a Roda de Choro nasceu o Festival Chororô com o objetivo de divulgar e ampliar o trabalho. “Porque a gente quer cada dia mais abraçar isso. Abraçar o choro, ampliar a roda. O projeto da roda para que mais pessoas cheguem. E deixar que as pessoas saibam realmente que a cozinha é esse espaço coletivo, que acolhe as pessoas que chegam aqui”, declara Milena.
Bruna Evelyn
Fonte:
Entrevista cedida por Milena Magistralli à Bruna Evelyn em 10 de Novembro de 2023.
Uma resposta
Lugar especial, feito por pessoas especiais!