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Data de publicação do verbete: 22/01/2024

Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana)

Educadora e religiosa.
Data de publicação: janeiro 22, 2024

Naturalidade:  São João do Rio do Peixe – PB

Nascimento: 03 de fevereiro de 1936

Atividade exercício-profissional: educadora e religiosa

A educadora e religiosa Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana), tem atuado por mais de cinco décadas na formação de professoras/es, no Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), em Catolé do Rocha-PB, a partir de uma leitura de sua trajetória de vida e atuação educativa. Pautado nas ideias difundidas pela Nova História Cultural, nos modos investigativos da autobiografia, da micro história e da história oral, que desenvolve uma abordagem histórica das fontes constituídas por entrevistas de história oral, cadernos e escritos da educadora, com documentos referentes ao CNFM, entre outros. Irmã Ana vem edificando sua identidade docente no acolhimento, na reflexão e na adaptação das influências dos grupos – referências às quais esteve ligada ao longo de sua vida: a família, a congregação religiosa, as instituições formativas e o(s) lugar(es) de atuação profissional.

Décima filha do casal João Adelino de Queiroga e Ana Fernandes de Queiroga, Irmã Ana nasce como Maria Fernandes de Queiroga, em 03 de fevereiro de 1936, na cidade de Antenor Navarro (atualmente denominada de São João do Rio do Peixe), sertão paraibano. No ano de 1941 desloca-se com a família para Catolé do Rocha, onde o pai assumiria um emprego federal nos Correios e Telégrafos. Nesse período esse pequeno município era palco de duas inusitadas ocorrências: a fundação da Escola Normal Dona Francisca Henriques Mendes e a chegada das cinco irmãs franciscanas de Dillingen, religiosas alemãs que se tornaram as responsáveis pelo funcionamento do colégio e pela formação de muitas jovens catoleenses e do seu entorno geográfico, que a partir dele se fizeram professoras.

Concluídas as experiências do ensino primário e do Exame de Admissão, em 1949, aos 13 anos, Irmã Ana ingressa no Curso Normal Regional do Colégio Dona Francisca Henriques Mendes, período que assim descreve: “Que alegria! Foram quatro anos onde pudemos saborear o néctar dos conhecimentos de vários professores, de modo especial das Irmãs Franciscanas de Dillingen, fundadoras dessa instituição de ensino”. 

Desde sua fundação, o CNFM funcionou com o curso primário e o Curso Normal, nos primeiros anos denominado “Normal Livre”, modalidade pouco abordada na historiografia da educação brasileira, mas da qual é possível inferir que a designação “livre” se daria devido à autonomia concedida pela legislação brasileira aos estados para que elaborassem as suas próprias matrizes curriculares, entre outras prerrogativas. 

A partir de 1946, o Curso Normal Livre é substituído pelo Curso Normal Regional, sendo a primeira turma de regentes de ensino diplomada no ano de 1949, conforme o Livro de Atas das Sessões Magnas de Formatura. Esse curso foi instituído de acordo com a Lei Orgânica do Ensino Normal, postada em vigor pelo Decreto-Lei n.º 8.530, de 2 de janeiro de 1946. 

Nos anos finais da década de 1930, vislumbrava-se em Catolé do Rocha as bases para a construção de um colégio, o qual se configurava para os seus idealizadores e para a gente de posses local, assim como para políticos, intelectuais e autoridades religiosas, como um projeto redentorista, capaz de trazer prosperidade e civilidade à região.

O projeto da construção do Colégio Dona Francisca Henriques Mendes surgiu em uma época de escassos recursos voltados para a educação da população, marcada pelo fechamento de escolas subsidiadas pelo poder público, o qual, inclusive, com a Constituição de 1937, passa a incentivar diretamente a iniciativa privada, e minimiza o dever do Estado com a educação. Nesse sentido, o texto propunha que a arte, a ciência e o ensino fossem livres à iniciativa individual e à associação ou reunião de pessoas públicas e particulares.

É possível afirmar que, desde o ano de 1949, Irmã Ana começa, de fato, a construir o seu vínculo com o CNFM, que perdura até os dias atuais, quando continua participando ativamente da rotina do colégio, das decisões pedagógicas e administrativas, tendo ocupado até o ano de 2017 o cargo de diretora-geral da instituição.

Concluiu o curso de Pedagogia na UFPB, com habilitação para Administração Escolar, Supervisão Escolar e Prática Pedagógica, recebendo o registro conferido pela Inspetoria Técnica de Ensino da Paraíba para ensinar Psicologia da Educação, Sociologia da Educação e Didática Geral. Em janeiro de 1977, Irmã Eleonore Brumm entrega à Irmã Ana a administração do CNFM e desloca-se definitivamente para Areia, após 38 anos de efetivo trabalho naquela instituição de ensino.

De 1962 a 2015, período em que a Irmã Ana atuou no Curso Normal do CNFM, de acordo com dados de matrículas obtidos na secretaria do colégio, foram alunos(as)ou receberam orientações da educadora, umas 1.345 professoras/es formadas/os na instituição. Foram 53 anos de dedicação à formação professoral que geraram um resultado significativo, como se comprova no número, que ultrapassa a casa do milhar. Assumir a educação foi para Irmã Ana mais do que assumir uma profissão, foi tomar uma missão, conforme os preceitos de sua ordem religiosa. 

Sandra da Costa Vasconcelos

Fontes:

https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15289/11222

https://www.redalyc.org/journal/6198/619869093003/html/

 

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