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Data de publicação do verbete: 22/01/2024

Paraíba Criativa – Verbete 3.000 (três mil)

Terceiro milésimo conteúdo enciclopédico inventariante deste Portal, o verbete de número três mil, cuja significância e marca memorial o faz ter características especiais e diferenciadas, de modo que não será a descrição de alguma expressão cultural regional, conforme o padrão estabelecido, mas sim um relato do Paraíba Criativa, sobre a sua filosofia, ideário, missão, relatos e contextualizações de suas atividades, diretrizes ratificadas, em concepção especial, neste momento tão especial, que também foca a relevância das artes e culturas regionais, pela sua enorme diversidade, riqueza e potencial simbólico, ao projetar sedutores simbolismos e instigar questões de orgulho e pertencimento identitário ao povo paraibano.
Data de publicação: janeiro 22, 2024

Este verbete três mil surge de forma marcante, com grande relevância histórica, para todos da equipe que fazem parte do Paraíba Criativa, na atualidade, ou já dele participaram em algum momento passado, docentes, técnicos administrativos e discentes, bolsistas ou voluntários, da UFPB  Universidade Federal da Paraíba, e participantes externos, grupo que decorrer dos anos chega a somar quase 80 colaboradores, os quais se sentem orgulhosos e realizados por ter contribuído para que a nosso Estado tenha o maior Portal de registro cultural do Brasil, que pauta, justamente as artes e culturas paraibanas. Logo, acreditamos que o Paraíba Criativa, mediante suas ações e robustíssimo conteúdo de sua plataforma digital, também pode ser motivo de satisfação e de valoroso simbolismo identitário para toda a gente da terra, ou mesmo de todo o Nordeste.

Ainda há a relevância desta transcrição três mil surgir em decorrência de 11 anos de existência, no início do 12º ano de atividade do Paraíba Criativa, considerando-se que a genealogia de suas atividades ocorreu em 2013, em uma condição privilegiada, pois venceu o edital do MEC que contemplou as vinte melhores propostas de programas de extensão universitária do País na área da cultura, com financiamento pecuniário, em processo que reuniu mais de três mil concorrentes. Uma vitória expressiva para a UFPB, ao ter o Paraíba Criativa à frente de projetos do tipo das maiores IES (Instituição de Ensino Superior), como USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), além das demais com os conceitos mais elevados.

O período de atividade do Paraíba Criativa evidencia uma conquista temporal muito expressiva, em virtude se sua continuidade, algo raro em se tratando de ação extensionista universitária que, ao ser tão longeva, espontaneamente indica um persistente e árduo trabalho de pesquisas sobre as artes e culturas regionais, elaboração e revisão de textos dos verbetes, produção de peças fotográficas e audiovisuais, seleção de imagens e demais tarefas relativas aos processos de redação jornalística, ou mesmo desenvolvimento de uma produção enciclopédica.

Além disso, há a elaboração de notícias sobre o mundo artístico e cultural paraibano, publicadas diariamente, e até já foi lançada uma revista digital, que surpreende pela sua qualidade gráfica e editorial, cuja edição piloto se encontra em: https://online.fliphtml5.com/vzirm/wnzf/#p=1.As próximas edições encontram-se em estágio de produção.

O Portal do Paraíba Criativa, além das três mil páginas de inventário, assim, conta com mais 2.500 páginas de notícias e demais conteúdos, com um total, portanto de 5.500 páginas, de modo que se coloca como o maior website do País em cultura, com temática sobra a cultura paraibana, algo muito significativo para o nosso Estado, certamente.

O “esforço de formiguinhas” da equipe, com avanços lentos, porém intermitentes e paulatinos, hoje com um sistema de produção experiente e prolífico, contabiliza quase dois milhões de visualizações no website do Paraíba Criativa, com uma média de 1.200 consultas diárias, mediante os interesses de estudos e pesquisas de estudantes, docentes de diferentes níveis da educação formal (ensino básico, médio superior e pós-graduação), jornalistas, publicitários, influenciadores digitais, agentes culturais e público em geral. Números realmente bastante expressivos, particularmente se considerarmos que as pautas não privilegiam celebridades, atores e temas da indústria cultural que atraem o maior interesse dos internautas comuns, e não utiliza as estratégias de marketing promocional da grande mídia e dos produtos culturais de massa.

O Inventário se destaca pela originalidade de seu conteúdo enciclopédico, abrangente e único, ação histórica percursora em termos de registro das artes e culturas paraibanas de forma ampla e genérica, ou seja, por registrar todos os setores, do patrimônio cultural material, imaterial e ambiental, tanto que trabalhamos com uma divisão taxionômica dinâmica e mutável, na atualidade com 22 segmentos, a maior parte deles com subsegmentos que ora chegam a 46. Exemplo: em artes cênicas há teatro, atores, comédia, dança, circo e outros. Sabemos que essa taxionomia não é perfeita, pois é algo, conforme a experiência de integrantes do Grupo de três décadas de pesquisas em cultura, impossível de se conseguir.

As pesquisas inventariantes reúnem pesquisas nas mais diversas plataformas da internet, porém o que mais empolga a equipe são as observações de campo que incluem um rico histórico de entrevistas com os mais diferentes agentes culturais de diversos pontos geográficos, ação reveladora sobre as andanças e vivências por quase toda a Paraíba, do Litoral ao Sertão, do Curimataú ao Cariri, passando pela Borborema e Brejo, que proporcionaram gratas surpresas, descobertas sobre artes e culturas desconhecidas, acervo que tanto enriquece o amplo conteúdo enciclopédico, desperta emoções e paixões nos pesquisadores e nos pesquisados: artistas, produtores, ativistas e demais agentes do fabuloso mundo cultural regional, muitos deles de mãos calejadas, porém muito talentosas e originais, antes anônimas, não mais depois da passagem do Paraíba Criativa.

Tais agentes recebem especial zelo, pois lhes é creditado as autorias das narrativas do invisível, aquelas manifestações, artísticas ou culturais, não pautadas pela mídia, por isto de maior interesse para o Paraíba Criativa, que privilegia pesquisar e registraras incontáveis criações desconhecidas do fazer artístico paraibano, e também as manifestações culturais presentes nos fazeres populares, vivências e trocas comunicacionais do cotidiano de múltiplos atores e em todos os espaços de suas comunidades, de cada pedacinho de chão do Estado, detalhes dos modos de vida, conhecimentos, crenças, histórias e memórias, tradições, costumes, rezas, simpatias, saberes, perfis identitários, tipos étnicos e seus costumes, linguagens e sotaques diferenciados, nas praças, feiras livres e mangais. É desafiador tudo nomear.

O conteúdo enciclopédico e notícias das artes e culturas da terra, ainda, trazem relatos e descrições que enfocam manifestações envolventes e sedutoras, ao juntar tradições e modernidades, que sempre instigaram os apaixonantes estudos e pesquisas, ávidos por identificar e registrar o mundo cultural paraibano, suas valiosas expressões, um trabalho realmente compensador que levou à idealização e desenvolvimento da maior ação extensionista universitária do Brasil: Paraíba Criativa em cultura.

Muito a descrever, sobre as viagens para pesquisas inventariantes, com ternas e inesquecíveis vivências com as culturas do invisível, sendo que é desafiador o esforço para selecionar aquelas que nos parecem mais interessantes.

Contudo, entre as mais icônicas e inesquecíveis, há a experiência fantástica e singular vivida Nazarezinho, pequena cidade do Alto Sertão Paraibano, em que a pesquisa ocorreu graças ao convite da aguerrida ativista cultural Iris Mendes, grande amiga: as falas memoriais da senhora Francisca Avelina, uma nata contadora de histórias, com 93 anos na época, julho de 2013, que narrou, entre outros curiosos episódios de sua vida passada, sobre a presença de cangaceiros que passavam pela região, regularmente.

“Quando chegava aviso de que havia algum bando nas redondezas era um Deus nos acuda, pai e mãe não esperavam para ver se era verdade ou não. Toda família corria para esconder suas filhas, os bodes, as galinhas, sacos de farinha. Mas não podia esconder tudo não, porque o medo era grande. Eles chegar e não encontrar nada, Deus do Céu, porque deixava eles bravos de verdade. E os homens da cidade combinavam de cada um dar o que podia, um saco de farinha, de milho, galinha, bode, pedações de carne de sol, milho quando era inverno bom, cachaça não podia faltar. E dois ou três iam encontrar os cangaceiros com os jumentos carregados e já ofereciam. Eles, então, nem queriam saber de entrar na cidade. Isso era o que mais acontecia, ainda bem porque o medo era muito grande”, relatou dona Francisca.

Perguntamos se ela não se lembrava de pelo menos uma vez os cangaceiros não ter entrado na cidade?

Ela respondeu: “Entraram sim, eu era muito nova, não sei dizer quando foi. E eu não vi nada, pai deixou a gente escondida no sítio do vô, lugar melhor para correr e se esconder no mato, na hora da precisão. Entraram umas três vezes, mais para ver se tinha alguém mais rico escondendo as coisas, o que não tinha, tudo pobre. Mas não incomodaram ninguém, o povo que ficava escondido, as famílias trancadas nas casas, rezando. O bando ia no armazém, pegava um saco de farinha, querosene, bebia cachaça. Até pagava. Pai contava que os cangaceiros também não queriam chamar a atenção das volantes (grupos da polícia formados especificamente para perseguir os bandos do cangaço) que ficavam mais em Sousa. Era mais do bando de Francisco Pereira, cangaceiro que acabou vindo morar na cidade. Tem a casa dele lá na entrada (da cidade), vocês viram? A Casa do Jacu, a maior que já teve aqui em Nazarezinho.”

A Paraíba, desta feita, mostra-se com marcas de fortes traços culturais nativos, um inextinguível acervo simbólico que inspira múltiplos de talentos inspirados pela rica memória cultural da terra, mas também dotados de extraordinária capacidade de produção motivados por fatos da contemporaneidade, em linguagens e estéticas também atuais.

Nas pesquisas, portanto, sobre as artes e culturas regionais, empolga o fato de a cultura paraibana ser reconhecida em similaridade a um multicolor caleidoscópio, nos quais o antigo e moderno, as tradições e inovações, encontram-se e se entrelaçam em notável pluralidade.

A Paraíba, portanto, com fortes e profundas raízes que proporcionam notáveis e diferenciadas fontes de inspiração aos seus artistas, estimulando-os a inovar de forma liberta e ilimitada, mas também com impulsos para se manter vivas histórias, memórias e tradições. Um ambiente em que se mantém sólidas raízes, para que o apoio às livres escolhas não seja a negação das heranças culturais, valiosas e vitais, na compreensão de que a vida e a arte se alimentam de acúmulos dos fatos históricos e das ações de agentes culturais que marcaram sua presença no percurso do tempo da terra.

No expressivo mundo cultural paraibano, portanto, há escolhas pelo tradicional e o novo, ambas dependentes da criação, o ato genealógico e fundador da cultura. Múltiplos talentos circulam pelas vias de criação atemporais, como se o processo criativo fosse como uma árvore: os frutos se renovam, apresentam-se em formatos e cores diferenciados, mas jamais sem brotar ou amadurecer com a ausência de troncos, galhos e folhas.

O Paraíba Criativa é marca devidamente registrada no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, de propriedade de seu docente idealizador e coordenador, autor deste texto, medida protetiva com efeitos pragmáticos nas áreas comerciais e jurídicas, contudo, talvez, mas valiosa ainda em termos de projeção simbólica, mediante o fato de a economia criativa ter se tornado segmento de alto interesse em todo o mundo, particularmente no Brasil, junto aos apelos do mercado pelas ideias e ações relativas à inovação e criatividade, há inúmeras empresas, associações, grupos e entidades que utilizam a palavra Criativa em suas nomenclaturas.

A questão se potencializa nas políticas públicas oficiais dos governos estaduais, que adotam o termo “Criativo” ou “Criativa”, para programas ou departamentos de sua respectiva Secretaria de Estado de Cultura, a exemplo de “Bahia Criativa”, “Ceará Criativo”, “Paraná Criativo”, “Alagoas Criativa” e assim por diante. Contudo, em nosso Estado, o “Paraíba Criativa” não é ação ou programa do Governo Estadual, ou de qualquer outra organização pública ou privada, mas sim da maior nossa Ação Extensionista do País. 

André Piva

3 respostas

  1. O meu orgulho só cresce quando leio matérias como essa que engrandece os nossos Paraibanos. VIVA A PARAÍBA, VIVA AO NORDESTE, VIVA AO BRASIL DE DIVERSIDADES CULTURAIS.

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